ATA DA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 24.02.1999.
Aos vinte e quatro dias do mês de fevereiro do ano
de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas
foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Carlos Alberto
Garcia, Cláudio Sebenelo, Cyro Martini, Décio Schauren, Fernando Záchia,
Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Bosco, João Carlos Nedel, João Dib, José
Valdir, Maristela Maffei, Nereu D'Ávila, Paulo Brum e Renato Guimarães. Ainda,
durante a Sessão, compareceram os Vereadores Adeli Sell, Annamaria Gularte,
Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói
Guimarães, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Luiz Braz, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza
Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias
da Ata da Primeira Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram
encaminhados: pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 01 Pedido de Providências e
o Pedido de Informações nº 11/99 (Processo nº 585/99); pelo Vereador Renato
Guimarães, o Projeto de Resolução nº 06/99 (Processo nº 586/99). Ainda, foram
apregoados os seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente,
solicitando desarquivamento de processos: de autoria do Vereador Jocelin
Azambuja, com relação aos Projetos de Lei do Legislativo nºs 109/94, 151 e
182/98 (Processos nºs 1918/94, 2999 e 3510/98, respectivamente) e ao Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 08/96 (Processo nº 1185/96); de autoria do
Vereador Reginaldo Pujol, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº
173/98 (Processo nº 3385/98); de autoria do Vereador Renato Guimarães, com
relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 34/98 (Processo nº 902/98). Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/99, do Vereador Almiro Leifheit,
Presidente da Câmara Municipal de Pareci Novo/RS; 02/99, do Vereador Licério
Rex, Presidente da Câmara Municipal de Crissiumal/RS; 33/99, do Vereador Enio
Jacobsen, Presidente da Câmara Municipal de Chuvisca/RS; s/nº, do Vereador
Darcy Hax, Presidente da Câmara Municipal de São Lourenço do Sul/RS; Impressos
do Instituto Brasileiro de Apoio aos Municípios, divulgando o Congresso
Brasileiro de Prefeitos e Vereadores, em São Paulo/SP, e o Congresso Brasileiro
de Administração Municipal, em Maceió/AL. A seguir, o Senhor Presidente
registrou a presença dos Senhores Élio Mattos de Vargas e Mário Henrique Filho,
respectivamente Presidente e membro da Diretoria da Associação dos Funcionários
Municipais, convidando Suas Senhorias a integrarem a Mesa dos trabalhos.
Também, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Artur Seabra,
Sandra Valez, Maria de Lurdes Henrique e Odilon Vieira Martins, integrantes do
Hospital Porto Alegre, e do Senhor Luiz Carlos Mendelski, Presidente do
Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre. Em continuidade, o
Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Mário
Henrique Filho, que discorreu a respeito das dificuldades enfrentadas pelo
Hospital Porto Alegre, propugnando pela adoção de medidas públicas que
viabilizem a ampliação da área física e o aporte de um volume maior de recursos
para o referido hospital, proporcionando a continuidade do atendimento médico
ali prestado aos municipários e à população de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador João Dib, reportando-se ao tema da Tribuna Popular, criticou
posicionamentos adotados pela Prefeitura Municipal no que se refere à
elaboração de uma política de saúde para a Cidade, ressaltando a necessidade da
participação do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre – SIMPA e das demais
entidades representativas dos municipários no processo de discussão e
implantação de planos de saúde pelo Executivo Municipal. Às quatorze horas e
vinte e oito minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais,
sendo retomados às quatorze horas e trinta e três minutos, constatada a
existência de “quorum”. A seguir, o Senhor Presidente informou que no dia vinte
e seis de fevereiro do corrente, a convite deste Legislativo, comparecerá o
Senhor Mauri Cruz, Secretário Municipal dos Transportes, a fim de apresentar o
cronograma das obras que estão sendo realizadas na Avenida Assis Brasil, tendo
o Vereador Guilherme Barbosa manifestado-se a respeito. Também, o Vereador
Isaac Ainhorn manifestou-se acerca da convocação feita ao Senhor Mauri Cruz
para prestar esclarecimentos sobre o sistema de fiscalização do trânsito,
constante do Requerimento nº 21/99 (Processo nº 566/99). Ainda, o Senhor
Presidente comunicou que a distribuição dos avulsos das Sessões Plenárias deste
Legislativo deixará de ser feita por fotocópias, passando a ser realizada
através da rede de informática Casa, permanecendo o seu fornecimento nas
Sessões Plenárias, aos Senhores Vereadores e aos demais serviços envolvidos. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Resolução
nºs 41/98, este discutido pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, 53 e 48/98, este
discutido pelo Vereador João Dib, 01/99 este discutido pelos Vereadores João
Dib, Guilherme Barbosa e Cláudio Sebenelo, 02 e 04/99, este discutido pelo
Vereador Carlos Alberto Garcia, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 175/98,
este discutido pelo Vereador Cyro Martini, e 03/99, este discutido pelo
Vereador João Dib, o Projeto de Lei do Executivo nº 01/99, este discutido pelo
Vereador Guilherme Barbosa; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 09/98, discutido pelos Vereadores João Dib e Cláudio Sebenelo, o
Projeto de Lei do Executivo nº 46/98. Na oportunidade, por solicitação da
Vereadora Maristela Maffei, foi feito um minuto de silêncio face ao falecimento
da Senhora Ruth da Luz Pujol, mãe do Vereador Reginaldo Pujol. Ainda, os
trabalhos estiveram suspensos das quinze horas e dez minutos às quinze horas e
vinte e seis minutos, por falta de energia elétrica. A seguir, constatada a
existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador João Verle,
solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje,
tendo o Senhor Presidente declarado empossada na vereança a Suplente Sonia
Saraí, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio
Ambiente. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann teceu críticas à
peça publicitária do automóvel Ford Escort, veiculada pela televisão dia vinte
e um de fevereiro do corrente, afirmando ser o teor desse anúncio danoso à
sociedade por induzir à desobediência de normas do Código Brasileiro de
Trânsito e propugnando pela imediata suspensão da exibição deste comercial. O
Vereador Antonio Hohlfeldt discorreu acerca do aumento da tarifa de ônibus em
Porto Alegre, apontando irregularidades na elaboração da planilha de cálculo
pelo Executivo Municipal. Também, referiu-se a artigo publicado na edição de
hoje do Jornal Correio do Povo, o qual versa sobre esse aumento e a possibilidade
de greve dos funcionários das empresas de transporte coletivo da Cidade. O Vereador
Elói Guimarães, reportando-se ao pronunciamento do Vereador Antonio Hohlfeldt,
teceu considerações a respeito do aumento das tarifas do transporte coletivo
urbano, analisando a metodologia empregada pela Prefeitura Municipal para a
elaboração do cálculo da tarifa e contestando dados da planilha de custos
utilizada para a determinação do valor final a ser pago pelos usuários. O
Vereador Paulo Brum, mencionando acidente ocorrido com o Senhor Edgar Rogério
Liell, discorreu sobre problemas estruturais enfrentados pelo Hospital de
Pronto Socorro de Porto Alegre, declarando que tais problemas vêm prejudicando
o atendimento médico adequado à população. Também, solicitou o acompanhamento
do assunto pela Comissão de Educação, Cultura e Esportes. O Vereador Carlos Alberto
Garcia registrou a realização, ontem, de reunião com moradores do Morro da
Cruz, a fim de debater sobre o fechamento da Escola Padre Cornélio Tedesco,
informando que, apesar dos esforços da Secretaria Municipal da Educação, cerca
de cinqüenta estudantes daquela escola ainda não conseguiram vagas nos estabelecimentos
de ensino fundamental do Município. Na oportunidade, o Vereador Antônio Losada,
como presidente da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, informou
que o Executivo Municipal enviará a essa Comissão, no prazo de quarenta e oito
horas, a planilha de cálculo utilizada no reajuste das tarifas do transporte
coletivo de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Guilherme Barbosa
manifestou-se quanto ao reajuste das tarifas de ônibus, fazendo comparativo
entre a qualidade do serviço de transporte coletivo urbano existente na Cidade
e a de outras localidades brasileiras. Também, referiu-se ao pronunciamento do
Vereador Paulo Brum, registrando que buscará informações a respeito da situação
relatada por Sua Excelência, relativa ao Hospital de Pronto Socorro de Porto
Alegre. Na oportunidade, o Vereador Hélio Corbellini formulou Requerimento
verbal, solicitando seja enviada à Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos
Humanos cópia da planilha de cálculo das tarifas do transporte coletivo da
Cidade. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão criticou o
tratamento concedido pelo Governo Estadual ao setor de turismo, questionando a
validade de material distribuído juntamente com folhetos turísticos, o qual
contém o relato de problemas políticos hoje existentes entre os Governos
Estadual e Federal. Afirmou que esse material é de cunho partidário, não
devendo ser distribuído por órgãos governamentais. Após, a Vereadora Sônia
Santos, como presidenta da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, referindo-se ao
pronunciamento hoje efetuado pelo Vereador Paulo Brum, registrou contatos
mantidos com o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, acerca de defeitos
verificados no aparelho de tomografia computadorizada desse Hospital. A seguir,
constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Foi aprovado
o Requerimento nº 23/99 (Processo nº 570/99 – Sessão Solene para homenagear o
aniversário do Grupo de Apoio à Prevenção da AIDS), de autoria da Vereadora
Helena Bonumá. Foi aprovado o Requerimento nº 27/99 (Processo nº 608/99 – Moção
de Repúdio ao Prefeito de Corumbá/MS, pela expulsão de moradores de rua da
cidade), de autoria do Vereador Renato Guimarães, após ser encaminhado à
votação pelos Vereadores João Dib, Renato Guimarães, Luiz Braz, Clênia
Maranhão, Antonio Hohlfeldt, Elói Guimarães e Carlos Alberto Garcia. Na
oportunidade, o Vereador Luiz Braz formulou questionamentos e o Vereador Renato
Guimarães prestou esclarecimentos acerca das fontes de informação que
suscitaram o Requerimento nº 27/99. Também, o Vereador José Valdir formulou
Questão de Ordem acerca da votação de Requerimento indicando o nome de Sua
Excelência como representante da Câmara Municipal de Porto Alegre em encontro
do Tribunal Internacional da África, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos
acerca da forma como são indicados os representantes externos deste Legislativo
e dos motivos pelos quais não ocorreria, durante a presente Sessão, a votação
do Requerimento mencionado pelo Vereador José Valdir. Ainda, o Vereador Luiz
Braz manifestou-se acerca da Questão de Ordem do Vereador José Valdir. Em
GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador João Carlos Nedel registrou o falecimento, no dia
vinte e três de fevereiro do corrente, da Senhora Ruth da Luz Pujol, declarando
que Sua Senhoria, mãe do Vereador Reginaldo Pujol, teve uma vida exemplar,
marcada pela fé e pela dedicação aos seus semelhantes. O Vereador João Dib
ratificou as palavras do Vereador João Carlos Nedel, acerca do falecimento da
Senhora Ruth da Luz Pujol. Reportou-se à votação, hoje, pela Casa, do
Requerimento nº 27/99, analisando os motivos de seu voto pela Abstenção e
defendendo uma maior análise das Moções antes de sua votação por este Legislativo.
Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Estadual Luís
Augusto Lara, da Partido Trabalhista Brasileiro, concedendo a palavra a Sua
Excelência, que saudou os presentes, colocando-se à disposição para a
realização, junto à Assembléia Legislativa do Estado, de um trabalho profícuo
em benefício do povo rio-grandense. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Reginaldo Pujol saudou a presença do Deputado Luís Augusto Lara. Agradeceu os
gestos de solidariedade recebidos em vista do falecimento de sua mãe, a Senhora
Ruth da Luz Pujol, falando da admiração que sente pela figura materna, cujas
lembranças são sempre marcadas pela luta para garantir uma vida digna aos seus
entes queridos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Antônio Losada prestou sua solidariedade
ao Vereador Reginaldo Pujol. Saudou a presença do Deputado Luís Augusto Lara.
Teceu comentários acerca do Requerimento nº 27/99, destacando a gravidade da
atitude assumida pelo Prefeito de Corumbá/MS ao expulsar moradores de rua
daquela cidade. A Vereadora Helena Bonumá discorreu sobre a discussão hoje
realizada na Casa, quanto ao Requerimento nº 27/99, saudando a aprovação deste
Requerimento e salientando a responsabilidade que possui o Poder Legislativo de
debater e posicionar-se frente a questões que envolvem a dignidade humana. O
Vereador José Valdir teceu críticas à atuação do Governo Federal na área
social, afirmando observarem-se cortes de recursos em setores básicos, em
especial no da educação, com resultados diretos de agravamento da marginalização
da comunidade mais carente. Também, comentou pronunciamento do Vereador João
Dib, acerca do Requerimento nº 27/99. Às dezessete horas e cinqüenta e oito
minutos, constatada a inexistência de “quorum”, em verificação efetuada por
solicitação do Vereador João Dib, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Nereu D’Ávila e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Eliseu Sabino,
Paulo Brum e Carlos Alberto Garcia, os dois últimos como Secretários “ad hoc”.
Do que eu, Eliseu Sabino, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo
Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Passamos à
TRIBUNA POPULAR
A
Tribuna Popular de hoje será ocupada pela Associação dos Funcionários
Municipais do Hospital Porto Alegre. Convido para participar da Mesa o Dr.
Mário Henrique Filho, que será o orador, e o Dr. Élio Mattos de Vargas,
Presidente da Associação. Ainda, com muita honra, registramos as presenças do
Dr. Artur Seabra, Chefe de Cirurgia, do Dr. Odilon Vieira Martins, da Sra.
Sandra Valez, Gerente, da Sra. Maria de Lurdes Henrique, Secretária, e o Dr.
Luiz Carlos Mendelski, Presidente do Montepio.
O
Dr. Mário Henrique Filho, representante da Associação dos Funcionários
Municipais do Hospital Porto Alegre, está com a palavra, pelo tempo regimental
de 10 minutos.
O SR. MÁRIO HENRIQUE FILHO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Senhoras e Senhores. A saúde corporal e mental está subordinada à saúde do
corpo social e político, daí a importância, a responsabilidade, a dignidade da
missão daqueles que legislam.
No
Brasil dos nossos dias, a atenção à saúde atingiu estágio que, pela
desorganização e irracionalidade, pode ser, sem exagero, qualificada de caos,
quando não de desassossego, porque sofre com isso a família brasileira. Fatos
noticiados pela imprensa, cenas mostradas pela televisão, atestam a falência do
sistema, desacreditam as autoridades, enxovalham a profissão, entristecem o
profissional. Verdade é que governos e parlamentos, pressionados pela opinião
pública, muitas vezes de maneira demagógica, foram criando a titularidade do
direito a uma assistência médica que, na prática, ultrapassa muito os programas
oficiais e a disponibilidade ou também a conscientização popular de financiá-la.
Resultado, Senhores, a Saúde tornou-se matéria grave demais para ser confiada
apenas aos médicos. E para quem, como este que lhes fala, só entende de
Medicina, ousadia inescusável seria opinar sobre a maneira de enfrentar o
problema apenas sobre os aspectos técnicos da ciência e da arte médica. Os
problemas vão muito mais além desses aspectos técnicos. Os obstáculos que nos
afrontam, hoje, não estão no campo científico, mas sim, e, principalmente, na
área econômica. E é por essa razão, meus senhores, que a Associação dos
Funcionários Públicos Municipais se faz presente a esta Casa, de caráter
beneficente, filantrópica, reconhecida como de utilidade pública federal,
estadual e municipal, esta respeitável senhora, já anciã, pois ontem completou
76 anos de idade, vem prestando, ao longo do seu existir, assistência médica,
jurídica, odontológica e social, na forma dos seus estatutos, aos seus
associados e dependentes. E os funcionários municipais conquistaram, a partir
de 1971, através do primeiro convênio firmado entre o Município e a Associação
dos Funcionários Municipais, o direito de obter assistência médica hospitalar
gratuita através do convênio com o Município. Essa Associação, mesmo sendo às
vezes criticada, merece o apoio de todos nós pelos relevantes serviços
prestados à população municipária. Hoje, quando nossa entidade também se vê
agredida pelo contexto da crise que assola o País, ela necessita da atenção dos
legisladores, tanto quanto do Executivo, porque é indispensável investir em
área física no Hospital para poder dar guarida à demanda que hoje nos é
oferecida, assim como investir em tecnologia para aprimorar os nossos serviços.
Para tanto é necessário buscar recursos financeiros que implicarão compromissos
que necessitam de garantia para honrá-los, recursos que a entidade não dispõe
e, embora tenha patrimônio e capacidade de endividamento, não tem absoluta
certeza da manutenção da sua principal fonte de renda que vem através do
compromisso mantido com o Município. Para a ampliação do Hospital Porto Alegre,
nas mãos do Ver. Adeli Sell encontra-se o pedido de doação de uma área de 1000
m2 que possibilitará não somente o aumento da área do Hospital mas,
principalmente, a oportunidade de prestar uma melhor atenção ao nossos
pacientes psiquiátricos.
Para
conseguirmos empréstimo para a construção esperamos um convênio que garanta a
maior permanência, assim como a revisão de nossas tabelas que permanecem
inalteradas desde o advento do Plano Real. Garantidos esses aspectos, a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre poderá, no futuro, orgulhar-se de
propiciar uma assistência médica capaz de atender aos anseios de seus
funcionários.
Da
Associação dos Funcionários Municipais, eu posso afirmar que existe a intenção
de continuar mais essa parceria que aos vinte e sete anos de vigência desse
convênio é prova inequívoca de eficiência, eficácia e aceitação de seus
usuários, aliás, é justo lembrar que em todas as conquistas da Entidade,
aconteceu de maneira marcante o apoio do Município. Por esta razão, embora as notícias
da intenção do Executivo de criar um plano de saúde para os funcionários
municipais, como exige a reforma da Previdência Social, não cremos que os Srs.
Vereadores deixem de dar à Associação dos Funcionários Municipais de Porto
Alegre a atenção que ela bem merece. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, porque a
sociedade não é nada mais do que uma reunião de comunidade, e porque o
legislador é tão-somente um intérprete dos sentimentos virtuosos e justos dos
cidadãos que compõem esta sociedade, contamos, para continuar podendo dar o
atendimento que sempre foi dado aos funcionários municipais de Porto Alegre,
com o irrestrito apoio dos Senhores.
Este
é o nosso brado de alerta e o pedido de socorro de uma entidade que tanto fez e
que pretende continuar fazendo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra, para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Exmo. Sr. Presidente, meu caro amigo Élio
Mattos de Vargas, Presidente da Associação dos Funcionários Municipais, que,
ontem, completou a Associação 76 anos de bons serviços. E, falando nos 76 anos
da Associação dos Funcionários Municipais, é mister que se lembre da figura
extraordinária de Rui Vieira da Rocha; meu caro Dr. Mário Henrique Filho, Srs.
Vereadores, dirigentes da AFM, do Montepio, meus senhores e minhas senhoras.
Sou contrário aos direitos humanos, sou favorável aos deveres humanos. Se cada
um cumprisse com seu dever, o mundo não teria problemas. Sou favorável à
transparência, sou favorável às coisas claras.
Lembro-me
que, no passado, fizemos, no Estatuto dos Servidores Municipais, um plano de
carreira para os servidores do Município, e os municipários discutiram o tempo
todo como seriam apresentado os dois Projetos. E a Câmara Municipal, como sempre
disposta, acompanhou os estudos. Hoje, as coisas acontecem sem nenhuma
transparência; os Projetos são feitos a quatro paredes e são trazidos aos
Vereadores sem que se tenha conhecimento prévio, sem que tenha havido um debate
amplo com os maiores interessados, no caso os servidores municipais.
A
AFM que tem 76 anos de serviços prestados aos municipários, hoje está um pouco
abandonada pelo Município. O Dr. Mário Henrique colocou muito bem, quando disse
que o Município sempre apoiou as iniciativas da AFM. Lembro a figura de Célio
Marques Fernandes que deu para a AFM o terreno onde, hoje, está o Hospital;
mas, lá, naquele terreno, com recursos próprios da AFM, fazendo esforços
extraordinários, consegui-se aprovar um Projeto que previa doze pavimentos para
o Hospital e, onde hoje funciona o Hospital, seria o lar para os velhos
funcionários da Prefeitura, quando eles não mais tivessem a quem recorrer. A
AFM aprova o Projeto, faz o estaqueamento todo, que lá está; o Dr. Telmo
Thompson Flores auxiliou e nós começamos a fazer aquele Hospital, o Dr. Villela
também deu recursos que, somados com o esforço extraordinário da Diretoria da
AFM, conseguiram colocar o Hospital em funcionamento.
O
dever é importante e o Município parece que esqueceu que tem dever para com os
municipários. Se cada um salvasse uma vida, salvaria o mundo. O mundo seria
salvo se cada um se preocupasse em salvar uma vida, resolver um problema. E o
Município continua não ajudando a Associação dos Funcionários Municipais. Mas
lá está o Projeto aprovado, lá está o estaqueamento e seria da mais alta
relevância para a Cidade de Porto Alegre que fosse erigido um novo hospital.
Área central, com facilidade de acesso para os servidores municipais mas,
também, para toda a população. O convênio estabelecido na Administração Telmo
Thompson Flores foi mantido e agora está cada vez mais difícil para a
Associação dar atendimento aos servidores municipais, que estão muito mal.
Os
servidores municipais têm baixos salários, basta que se veja a fila no Montepio
dos Servidores Municipais quando começa o dia de empréstimo. O Montepio vai dar
empréstimo amanhã, hoje à noite começa a se formar a fila no Montepio, e cercam
o quarteirão do Montepio duas vezes, para serem atendidos amanhã, ao meio-dia;
são treze, catorze horas na fila para serem atendidos. Esse é o alto salário
que a Prefeitura paga aos seus servidores, e não lhes dá assistência. E está
elaborando um plano de saúde e tranqüilizando a todos sem ter chamado Montepio,
AFM, SIMPA, SINDICÂMARA. Que chame todos e discuta o assunto. Poderia, Sr.
Presidente, falar muito mais tempo, encerro, porque o relógio obriga. Mas
continuo dizendo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que o direito nasce do
dever: gostaria de ver a Administração Municipal cumprindo com o seu dever.
Muito obrigado. Saúde e Paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos, em nome da Câmara Municipal,
agradecer a presença dos senhores Dr. Mário Henrique Filho, que usou a tribuna;
do Sr. Presidente, Dr. Élio Mattos de Vargas; do Dr. Odilon Vieira Martins; do
Dr. Artur Seabra, Chefe da Cirurgia; da Gerente, Sandra Valez; da Secretária,
Maria de Lurdes Henrique; do Presidente do Montepio, Dr. Luiz Carlos Mendelski.
Aos nossos conterrâneos e munícipes de Porto Alegre, que estiveram conosco nesta
tarde, nosso agradecimento.
Estão
suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h28min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h33min): Estão reabertos os trabalhos.
Srs.
Vereadores, informamos que na sexta-feira, dia 26 do corrente, às nove horas,
por convite, o Sr. Secretário Municipal dos Transportes, Dr. Mauri Cruz, virá a
esta Casa para apresentar cronograma das obras que estão sendo realizadas na Av. Assis Brasil e atendendo ao
Requerimento do Ver. João Dib, estará presente aqui, sexta-feira, às 9 horas o
Sr. Secretário Dr. Mauri Cruz.
O SR. ISAAC AINHORN (Esclarecimento): Estou encaminhando, hoje, face à
convocação que fiz do Requerimento, aprovado por esta Casa, ao Sr. Secretário
Municipal dos Transportes, para vir a Câmara para tratar do assunto relativo
aos “azuizinhos”. Como se trata de convocação, também virá em momento especial,
uma vez que este Vereador está apresentando os quesitos, elemento regimental
previsto. Segundo a Liderança, ele só poderá vir dentro de duas semanas, o que
nos preocupa um pouco, na medida que ficaria muito estendido o tempo da vinda
dele e da apresentação dos quesitos. Sou grato, Sr. Presidente.
O SR. GUILHERME BARBOSA (Esclarecimento):
Sr. Presidente, tomei a
iniciativa de fazer contatos com o Presidente da EPTC, e o Secretário de
Transportes Mauri Cruz, então tem duas situações: um convite e uma convocação.
Em relação ao convite, segundo confirmações com a Diretoria Legislativa, ele
virá na sexta-feira próxima. Em relação à convocação, S. Exa., por telefone,
comunicou a este Vereador que só é possível daqui a duas semanas. Mas, virá na
sexta-feira, conforme solicitado por convite deste Plenário. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A segunda informação ao Plenário é um
comunicado que a partir de 01.03.99, será na próxima segunda-feira, a agenda
dos trabalhos de Plenário deixará de ser distribuída por fotocópia podendo ser
acessada para consulta e impressão na página da Câmara Municipal de Porto
Alegre, na Internet Plenário Atividades, permanecendo o seu fornecimento nas
Sessões Plenárias, aos Senhores Vereadores e serviços envolvidos. Tal medida é
resultante de todo um Projeto voltado a informatização do Legislativo
Municipal, objetivando o aproveitamento na íntegra dos equipamentos disponíveis
e do treinamento que vendo sendo propiciado aos funcionários, com vistas a
racionalização e qualificação dos serviços prestados, a redução de custos no
que se refere a papel e fotocópias e ainda a flexibilizarão na locação de
recursos humanos, tudo em consonância com o princípio da economicidade
preconizado no Regimento da Casa.
Passamos à
PAUTA
1ª SESSÃO
PROC.
2653/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 41/98, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede o
Prêmio de Educação Thereza Noronha à Professora Vandir Ordovás Lopes.
PROC.
3116/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 48/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o Prêmio
de Artes Plásticas Iberê Camargo a Miguel Pinheiro.
PROC.
3403/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 175/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Angelo Costa um logradouro irregular localizado na Vila
Vargas.
PROC.
3408/98 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 53/98, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede ao Padre
Edgar Jotz o título honorífico de Líder Comunitário.
PROC.
0003/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 1/99,
de autoria do Ver. João Dib, que concede o Troféu Destaque Mário Quintana ao
Médico e Escritor Moacyr Scliar.
PROC.
0043/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 2/99,
de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que concede o Prêmio Artístico Lupicínio
Rodrigues ao grupo musical Família Lima.
PROC.
0155/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 1/99, que revoga a Lei nº 7514, de 07 de outubro de 1994, que
dispõe sobre a criação do Fundo Municipal de Apoio às Atividades de Segurança,
Controle e Fluidez do Trânsito – FUNTRAN.
PROC.
0390/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 3/99, de autoria do Ver. João Dib, que
institui, no âmbito do Município, o Dia do Hoteleiro e dá outras providências.
PROC. 0391/99 – PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 4/99, de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, que concede o
título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Sr. Arthur Armando
Guarisse.
2ª SESSÃO
PROC.
3470/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 9/98, que retroage os efeitos da Lei
Complementar nº 425, de 13 de outubro de 1998.(Incorporação aos proventos de
gratificação referente ao Hospital de Pronto-Socorro e dos Pronto
Atendimentos.)
PROC. 3473/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 46/98, que altera a Ementa e o art. 1º da Lei nº 8177, de 24 de junho de 1998, e dá outras providências.(Fundação de Radioterapia do RS – correção do nome da entidade.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Hoje
estão tramitando em primeira Sessão, em período de Pauta, dois Projetos de
Resolução de nossa autoria. O primeiro, concede o Prêmio de Educação Thereza
Noronha à Professora Vandir Ordovás Lopes. Vou ler sucintamente para que os
senhores conheçam um pouco mais dessa pessoa notável na área educacional. (Lê.)
“Vandir Ordovás Lopes nasceu em Porto
Alegre, em 13 de dezembro de 1933. É filha de Miguel e Maria Ordovás e hoje
reside no Bairro Partenon. Em 1957, formou-se em História Natural e em
Licenciatura Plena pela Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Em 1977, na Universidade do Vale dos Sinos fez Curso de
Pós-graduação em Administração do Sistema Escolar. Como professora, lecionou na
Escola Técnica Parobé, no Ginásio Estadual Padre Rambo e no Ginásio São
Francisco de Assis, sempre com destacada presença e apurado senso pedagógico.
Em 1972, chegou à Coordenação Pedagógica do Colégio Santo Antônio do Partenon e
do Ginásio São Francisco de Assis. Mais tarde, foi designada pela SEC-RS e
integrou a Comissão que transformou o Ginásio São Francisco de Assis em Escola
Estadual de 1º Grau, sendo a primeira Diretora, atuando de 1974 a 1981. Muitos
foram os cargos de destaque que ocupou no Magistério: representante do CPERS,
Presidente da Associação dos Administradores do Estado do Rio Grande do Sul,
membro da Comissão de Promoção do Magistério, representante da Associação dos
Administradores de Educação do Estado do Rio Grande do Sul, Representante
Estadual de Educação do Rio Grande do Sul e Coordenadora eleita do Grupo de
Professores Aposentados. Atualmente é Presidenta eleita da Associação Solar do
Clube do Professor Gaúcho, integra também o Conselho Deliberativo do IPE, para
o qual foi nomeada pelo Governador.”
Por
ter mais de 40 anos dedicados à Educação e às suas causas, é que trago à
consideração dos nobres Pares este Projeto que visa conceder o Prêmio de
Educação Thereza Noronha à Professora Vandir Ordovás Lopes.
Temos
a certeza de que este Projeto de Resolução vai ser aprovado por unanimidade. E,
ao mesmo tempo, também convido os Srs. Vereadores a conhecerem um pouco do
Solar do Professor Gaúcho, onde há uma casa que abriga aqueles professores que
não têm lar. É um trabalho altamente social, mostrando que as pessoas podem e
devem fazer muito pelos seus semelhantes.
Temos,
em primeira Sessão, nesta Casa, hoje, um outro Projeto de nossa autoria, que
concede o Título de Cidadão Honorífico e Cidadão Emérito ao Sr. Artur Armando
Guarisse. Artur Armando Guarisse é uma das pessoas que muito enobrece não só
Porto Alegre mas o nosso Estado, o nosso País. É uma das pessoas que mais
conhece arte em nosso Estado. Ele tem uma história de vida e de luta bastante
significativas que ele mesmo fez questão de nos colocar que aos 6 anos começou
a trabalhar como empacotador de manteiga na “Banca 24”, do Mercado Público.
Comprou e vendeu, por muito tempo, automóveis; foi criador de galetos e, a
partir de 1970, criou e fundou o Artesanato Guarisse, que ficou famoso e
conhecido em todo o Brasil. Artur Guarisse também se especializou em decoração
de hotéis, entre eles o hotel 5 estrelas, Magnífico Hotel de Manaus. Artur
Guarisse é formado em Administração de Empresas, História e Jornalismo. E como
jornalista escreveu durante muitos anos matéria sobre arte antiga e problemas
de pequenas e médias empresas no Jornal do Comércio. Na revista Casa &
Jardim escreveu matérias sobre diversos estilos. Uma das coisas que marcam a
passagem de Artur Guarisse pela nossa Cidade, não só como artista, é que ele
foi um dos fundadores do Brique da Redenção. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras.
Vereadoras, tenho a honra de comparecer a esta tribuna para, novamente,
referir-me a uma pessoa que se destacou, sobremodo, na comunidade partenoense
assim como de resto em todo o Estado, inclusive no País. Trata-se, o
homenageado, da figura do Padre Angelo Costa, cujo nome será dado a uma rua da
Vila Vargas, dentro dos limites do grande Partenon. O Padre Angelo já foi
objeto de mais de uma manifestação minha nesta tribuna, e por mais que eu me
manifeste sobre a pessoa dele, sobre o que ele significou para a comunidade,
para a igreja católica, para todos nós, por mais que eu fale, por mais que eu
registre nos Anais desta Casa, ou me refira a ele onde for, onde puder, onde
estiver, minha manifestação sempre estará muito aquém do que ele fez por
merecer ao longo de uma vida exemplar e laboriosa, cercada pela luz do Espírito
Santo, da verdade do Evangelho, de toda a doutrina católica. Houve por bem o
Ver. João Carlos Nedel oferecer esta homenagem, e assim nós também o
homenageamos.
Sr.
Presidente, gostaríamos de ler, a respeito do Padre Angelo, uma biografia
breve, editada pelo Padre Celmo Lazzari, provincial, que me foi passada pelo
Padre Lauri, da Paróquia São José do Murialdo. Nessa biografia o Padre Lazzari
registra o seguinte: “As dezessete horas
e cinqüenta minutos do dia dezenove de janeiro de mil novecentos e noventa e
seis, partiu para a Casa do Pai nosso confrade, Padre Angelo Costa. No dia
dezesseis, à tarde, ele fora internado no Hospital da PUC, em Porto Alegre, com
grave hemorragia no esôfago. Entrou em estado de coma, no dia dezoito de janeiro,
por embolia cerebral, que o levou à morte. Sua saúde vinha muito debilitada
desde mil novecentos e noventa, quando fraturou uma perna, ...”. Mais
adiante, o autor destaca: “...Com dezoito
anos saiu de sua terra natal, a Itália, vindo para o Brasil. Estudou Filosofia
e Teologia em São Leopoldo, onde foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de
1956.”
Mais
adiante - não poderei ler a biografia por inteiro -, o Pe. Lazzari registra que
o Morro chorou na despedida, após a última missa no Santuário de São José. “O povo simples do Morro da Cruz prestou sua
singela, silenciosa e reconhecida homenagem, em forma de rosário. Em torno do
ataúde, o povo mais humilde rezava e chorava por aquele que, por longos anos,
fôra pai, irmão e amigo de milhares de crianças, adolescentes, jovens, pais,
mães e avós.”
Palavras
do Padre Ângelo: “Sempre cultivei a
alegria e me sinto um Padre muito alegre”.
De
fato, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Padre Angelo sempre foi um exemplo de
bondade e de simpatia, sempre orientando suas ações pela simplicidade e pela
alegria. O exemplo de vida, no que diz respeito às suas realizações, às suas
obras no Morro da Cruz - na Vila São José, em Porto Alegre -, de modo geral, é
dignificante e tem sido seguido por muitos como modelo para procurar dar às
suas vidas um caráter cristão, um caráter evangélico. O Padre Lauri, por
exemplo, é uma figura que hoje enobrece, sobremodo, a Paróquia de São José do
Murialdo.
Afora
essa homenagem, já havia sido prestada ao Padre Angelo uma outra, que foi a denominação
da Escola Infantil São José, à qual foi dado o nome do Padre Angelo Costa,
defronte à Matriz do Santuário de São José do Murialdo, na Rua 1º de Março, na
Vila São José. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gosto
sempre de dizer que lei deve ser clara, precisa, concisa e, evidentemente, para
que isso ocorra, ela deve ser, primeiramente, bem estudada.
Na
Pauta de hoje, há o Projeto de Lei do Executivo que retroage os efeitos da Lei
Complementar 425, de 13 de outubro de 1998, “que incorpora proventos de
gratificação referentes ao Hospital de Pronto Socorro e aos pronto
atendimentos”. Nada de excepcional, até porque esta Casa aprovou o Projeto por
unanimidade. Mas a Procuradoria do Município, que conta com umas quatro dezenas
de procuradores - diferente do passado, quando nós tínhamos oito -, deveria ter
um pouco mais cuidado. Nós estamos gastando o dinheiro do povo de Porto Alegre
para fazer retroagir uma lei publicada no dia 13 de outubro para o dia 5 de
outubro. É absoluta falta de atenção da Procuradoria e da assessoria jurídica
de S. Exa. o Sr. Prefeito, porque antes dessa, no dia 30 de setembro, havia
sido aprovada uma outra lei concedendo benefícios idênticos. A Procuradoria
deveria examinar os dois Projetos, fundi-los num só, e nós não teríamos o
problema de gastos para o povo de Porto Alegre.
Há
também na Pauta de hoje uma homenagem que o Ver. João Carlos Nedel pretende
prestar ao artista plástico Miguel Pinheiro, uma figura muito conhecida desta
Casa. O Dr. Miguel Pinheiro foi um dos primeiros Procuradores da Câmara
Municipal. A homenagem que o Ver. João Carlos Nedel presta a ele é também uma
homenagem ao Atelier Livre de Porto Alegre, que tem trazido para a nossa Porto
Alegre excelentes artistas plásticos. Amigo Miguel Pinheiro, saudação; ele
merece a homenagem proposta pelo Ver. João Carlos Nedel.
Também
estou propondo que seja concedido o Troféu Destaque Mário Quintana ao médico,
escritor e jornalista Moacyr Scliar, que é um dos patrimônios da cultura do Rio
Grande do Sul. Tenho certeza de que minha proposta será aprovada por
unanimidade, porque ele realmente merece.
Estou
fazendo mais uma proposição - isso não é muito do meu feitio -, instituindo, no
Município de Porto Alegre, o “Dia do Hoteleiro” em 09 de novembro. Foi uma
solicitação vinda para mim da Câmara Municipal de São Paulo, e essa data foi a
escolhida porque foi quando, em Porto Alegre, se realizou um encontro de
hoteleiros, que definiu uma série de questões relativas a essa importante
indústria que é a indústria hoteleira. Estamos pedindo que esse Dia seja
colocado no calendário de eventos de Porto Alegre, para que muitas pessoas
venham a Porto Alegre comemorar essa data. Essa data já é lei em São Paulo e em
outros municípios brasileiros. Espero que haja, aqui também, uma aprovação
unânime e sem nenhuma dúvida. Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. MARISTELA MAFFEI (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
pelo passamento da mãe do Ver. Reginaldo Pujol, ocorrido ontem, solicitaria que
fizéssemos, neste momento ou em outro, um minuto de silêncio, também para
darmos todo o nosso apoio, carinho e apreço ao Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. PRESIDENTE: Bem lembrado, Vereadora, já que V. Exa.
requereu, nós o faremos de imediato.
Quero
registrar, já que a televisão mostra à opinião pública: não a totalidade, mas a
maioria absoluta dos Vereadores se fizeram presentes, ontem, ao sepultamento,
inclusive este Presidente, V. Exa., Vereadora, e todos da Bancada do PT e das
demais Bancadas, para levar conforto ao nobre Ver. Reginaldo Pujol pelo
infausto acontecimento que foi a perda de sua mãe.
Pediria que, agora, nós todos, de pé,
fizéssemos um minuto de silêncio pela morte da mãe do nobre Ver. Reginaldo
Pujol, que foi sepultada ontem no
Cemitério João XXIII.
(É
feito um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Aproveitando os cinco minutos de Discussão Preliminar de Pauta quero, de forma
rápida então, abordar três Projetos que estão aí relacionados. O primeiro, com
grande satisfação quero defender aqui e elogiar, é o Projeto apresentado pelo
Ver. João Dib para conceder o troféu de Destaque Mário Quintana ao médico e
escritor Moacyr Scliar. Não precisamos, nenhum de nós, falar sobre esta grande
figura de Porto Alegre, de nosso Estado, escritor e médico, que consegue
transformar os assuntos da Medicina numa questão do nosso dia-a-dia, com
simplicidade e, ao mesmo tempo, com o seu texto ágil e leve, abordar as
questões do judaísmo, as questões de racismo, sem mágoas, mas que vão sempre ao
fundo da questão. Então, Ver. João Dib, tenho certeza de que este Projeto será
aprovado por unanimidade.
Do
Executivo, um Projeto que revoga a Lei nº 7.514, de 7 de outubro de 1994, que
criou o Fundo Municipal de Apoio às Atividades de Segurança e Controle e
Fluidez do Trânsito, o FUMTRAN. Ocorre que o FUMTRAN tinha como objetivos
principais fazer com que os recursos se destinassem a apoiar, em caráter
supletivo, o programa de trabalho da Brigada Militar, consoantes com a Polícia
Municipal de Trânsito e Polícia Civil no que trata das atividades judiciárias de
trânsito. Com a entrada em vigor do novo Código Nacional de Trânsito, este
Fundo fica sem razão de ser em razão dessa lei simples, mas importante, que se
enquadra neste momento na questão do trânsito no País.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Guilherme Barbosa, acho correta a colocação do Executivo
quando extingue o FUMTRAN, até porque receberia os recursos de multas aplicados
pela Brigada Militar, e isso já não tem mais.
Não
seria a oportunidade de criar um fundo, um sistema qualquer que pudesse cuidar
exclusivamente da educação para o trânsito?
O SR. GUILHERME BARBOSA: É uma idéia interessante, Ver. João Dib,
porque nós percebemos que as questões da violência do trânsito, bem como as
transgressões das leis do trânsito são um processo cultural, tanto dos
condutores de veículos quanto dos pedestres.
Há
um cruzamento na nossa Cidade que, para mim, era simbólico - agora mudou a
direção do trânsito e diminuiu o problema - na Rua Siqueira Campos com a Rua
Uruguai. Quando os carros iam daqui, dessa região da Cidade, ao Centro, podiam
dobrar à direita, na Rua Uruguai, ao lado da Prefeitura. Ali, os pedestres
simplesmente invadiam e, de certa maneira ainda invadem, só que agora, como o
movimento é ao contrário, evitou o problema de atropelamento destes. Mas os
pedestres invadiam a pista de tal maneira que os táxis que estacionavam naquele
ponto que existiu ali, às vezes não podiam sair, tal o volume de pessoas que
ali estavam na pista de rolamento.
Então,
é um processo em que há avanço, sim, nós já vimos que do ano passado para cá
reduziu-se o número de acidentes e de mortes na nossa cidade, mas vai levar um
tempão para que consigamos absorver e colocar em prática toda a legislação de
trânsito.
O Sr. Eliseu Sabino: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu creio que, na mesma linha de pensamento do Ver. João Dib, nós
devemos pensar realmente em criar um fundo para subvencionar essa situação. V.
Exa está apresentando um caso que acho que é de suma importância para a nossa
cidade, e estamos de acordo no sentido de compactuar com essa iniciativa..
O SR. GUILHERME BARBOSA: Obrigado pelo seu aparte. Portanto, é um
debate que se estabelece, e é claro que para que tenhamos um programa de
educação de trânsito não é necessário o fundo, mas ele pode ajudar nesse
caminho para que tenhamos um trânsito mais seguro e com maior fluidez. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a
palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
quero, inicialmente, corroborar as palavras do Ver. Guilherme Barbosa a
respeito da iniciativa do Ver. João Dib de conceder o Prêmio Mário Quintana, um
dos grandes galardões da literatura brasileira, até pelo patrono, pelo nome de
Mário Quintana, extraordinário, que eu incluo na galeria dos dez melhores
poetas da Língua Portuguesa de todos os tempos, ao escritor Moacyr Scliar. E Moacyr
Scliar é, indiscutivelmente, um escritor de nome internacional, um médico
excelente, de grande qualidade, que largou a vida pública para ser um médico de
Saúde Pública, onde brilha na Secretaria da Saúde. Além disso, a sua produção
literária permite algumas incursões nas áreas já discriminadas e já ...
(Obs.:
Os trabalhos foram suspensos por falta de energia elétrica.)
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h10.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h26min): Estão reabertos os trabalhos, após termos
passado alguns minutos sem energia elétrica. Estávamos no período de Pauta, e o
Ver. Cláudio Sebenelo já está na tribuna para prosseguir com o seu discurso.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
falava sobre a iniciativa brilhante do Ver. João Dib em conceder um prêmio, que
tem como patrono a envergadura poética de Mário Quintana, à Moacyr Scliar, que
é, indiscutivelmente, uma das figuras importantes da nossa sociedade como
médico sanitarista e como escritor internacional, e que tem o ponto alto, para
meu gosto, no conto e na crônica, com o seu inesquecível “Orelha de Van Gogh”.
Acho que Moacyr Scliar, como muito bem disse o Ver. Guilherme Barbosa, é,
indiscutivelmente, um dos grandes intérpretes desse magnífico segmento da
sociedade dos nossos irmãos judeus, que se localiza pelo Bom Fim, e que nos dá
e mostra lições de vida, de afeto e, principalmente, de entendimento de um
mundo já tão difícil de viver e, como diria Mário Quintana: “Viver, talvez não
tão difícil, mas o difícil é conviver”.
Outro
ponto da Pauta que queria referir, que é, talvez, o mais importante, é o
Projeto de Lei Complementar do Executivo, que retroage os efeitos da Lei
Complementar nº 425, de outubro de 1998, incorporando proventos às
gratificações referentes aos plantonistas de hospitais de pronto socorro e dos
pronto atendimentos. Pois esses funcionários estão, há muito tempo, debatendo
um percentual de 27,5% sobre o salário que recebem da Prefeitura, retroativo a
março de 1995. O Supremo Tribunal Federal já publicou a sentença. O Ministro
Marco Aurélio de Melo esclarece que a Administração Municipal pode postergar o
pagamento, mas que, fatalmente, um dia terá de pagar. Seria mais inteligente
pagar esse percentual agora. Um processo administrativo vai ocasionar uma
dívida maior para a Prefeitura, um acordo com os funcionários seria mais
econômico.
O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Projeto de Lei do Executivo cinge-se a oito dias de
diferença entre a data da publicação da Lei, que foi 13 de outubro, que
equivale à Lei a partir de 5 de outubro para fazer conjunto com uma outra Lei
que foi aprovada em 30 de setembro. O percentual de 27,5% é devido a todos os
municipários. Um dia será pago, mas levarão às últimas conseqüências até pagar.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Lamentavelmente. Em segundo lugar, esses
mesmos profissionais não recebem a parte extra de plantões remunerados com
valor menor do que o plantão normal, no Hospital Pronto Socorro da Zona Sul,
porque nesse valor não incide a gratificação de 110%, exclusiva a plantonistas.
A Prefeitura também não cumpre a Lei Orgânica, que determina que a remuneração
de trabalho nos sábados, domingos, feriados e pontos facultativos seja, no
mínimo, de 100% da jornada normal, sem prejuízo da folga que compensaria. A
Administração também não repõe adequadamente aos médicos que saem do Hospital
Pronto Socorro. Estou falando isso num momento em que essa incorporação de
gratificação vem resolver uma parte, embora ínfima, de um cortejo enorme de
direitos trabalhistas não cumpridos.
Peço
à Bancada do Partido dos Trabalhadores que nos ajude nesse pleito,
principalmente no momento em que o Executivo toma essa iniciativa depois de uma
negociação com os médicos do Pronto Socorro. Seria muito bom que os
funcionários do Pronto Socorro tivessem, nas suas horas extras, pelo menos o
cumprimento das leis trabalhistas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Verle solicita licença para
tratamento de assuntos particulares no dia 24.02.99.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. João Verle e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a minha
presença na tribuna é para falar a respeito de um anúncio veiculado na
televisão em que se exaltam as qualidades de um novo veículo da Ford, só que a
peça publicitária agride frontalmente o Código Nacional de Trânsito. Um carro
Escort, novo, passa velozmente sobre cones de proteção em uma estrada, com
grandes elogios sobre a performance do automóvel. Essa publicidade já foi
objeto de uma representação de um companheiro nosso de Santa Cruz do Sul ao
Ministério Público para que o referido anúncio seja retirado do ar, porque está
causando graves prejuízos, sobretudo à campanha de moralização do trânsito
contra acidentes provocados por automóveis que desrespeitam a sinalização. Isso
aí é uma indução clara ao desrespeito à sinalização. Então, a minha intervenção
é feita no sentido de alertar a sociedade sobre os malefícios que determinadas
peças publicitárias podem causar à sociedade. E esta é tipicamente uma delas.
Foi no horário nobre da TV, em pleno domingo, um comercial da Ford sobre o novo
Escort, onde o carro simplesmente passava por cima, deslizava sobre os cones de
sinalização de trânsito, com os elogios do comunicador. Claro, no afã de vender
automóveis, o fabricante produz essas peças e, não sei por que razão, o
publicitário ou a empresa de publicidade exagerou na dose, desconhecendo o
Código Nacional de Trânsito que proíbe a danificação dos instrumentos de
sinalização.
Então,
eu quero fazer este registro para que os órgãos de divulgação também se dêem
conta dos malefícios que podem prestar direta e indiretamente ao veicularem
esse tipo de propaganda. Foi o meu colega Ervino Martins, que trabalha numa
empresa de sinalização de trânsito, há 15 anos, foi funcionário do DAER e
preocupado com a segurança dos seus companheiros que trabalham nas estradas. Se
alguém induz um veículo a não respeitar os cones de sinalização, o que se pode
esperar de uma diminuição dos acidentes de trânsito, principalmente nas
rodovias, como é o caso que tem acontecido, agora, freqüentemente? Era esta a
comunicação que me cabia fazer, Srs. Vereadores. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PSDB.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero
registrar e, sobretudo, lamentar, não em si, o aumento da tarifa de ônibus na
Cidade de Porto Alegre, a partir do dia de hoje, porque sabemos que os aumentos
ocorrem periodicamente e já faz um período razoável que não tínhamos nenhuma
modificação na tarifa de ônibus em Porto Alegre; mas, o que quero lastimar é
que cometer erros, em algum momento, pode acontecer, é viável, às vezes por
ignorância ou incompetência e, no ano passado, o erro cometido pela
Administração Popular, mais ou menos por essa época, acabou tendo uma
salvaguarda numa proposta de legislação que o Ver. Elói Guimarães, - às vezes
com diferenças de posicionamentos nossos, quando tivemos posicionamentos
acirrados no ano passado, - mas, o Ver. Elói Guimarães tratou de dar o
encaminhamento que reorganizava o sistema, a maneira do cálculo tarifário da
Cidade de Porto Alegre.
A
surpresa que temos hoje - evidentemente que não é a surpresa de que os
permissionários peçam aumento -, a surpresa é que o aumento a ser dado, segundo
o que todos os jornais estampam, através da palavra do Presidente do Sindicato
dos Rodoviários da Cidade, - e eu conferi pelo texto da Lei apresentado pelo
Ver. Elói Guimarães, - é um aumento que descumpre completamente uma série de
itens previstos na legislação vigente. Legislação que contou com o apoio da
Administração Popular. Aliás, no meu entendimento, o Ver. Elói Guimarães acabou
indo, naquela ocasião, para um sacrifício. Como ninguém do PT teve coragem de
apresentar o processo, acabou o Ver. Elói Guimarães buscando uma mediação dessa
situação e substituindo a Lei vigente, que era a “Lei Záchia”.
O
que me preocupa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são algumas questões que
estão sendo levantadas: o não-atingimento de 8% do IGPM; a não-inclusão do
dissídio coletivo dos rodoviários; a questão de percentuais de INSS sobre
“pró-labore” de permissionários que foge à legislação federal, questão de
inclusão do plano de saúde dos rodoviários no desconto individual, considerando
o total da frota, que é 1.513 ônibus, quando a Carris não desconta dos seus
funcionários essa taxa, e, portanto, não poderia entrar no cálculo final de
tarifa, e uma série de outros quesitos que os companheiros rodoviários vão ter
a oportunidade de abordar aqui, através de uma Tribuna Popular, que eles já
requereram.
É
evidente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que esses quesitos serão alvo de
discussão através dos Vereadores do PT e de outros Vereadores de outras
Bancadas; agora, a minha preocupação é aquilo que consta da página nove do
Jornal Correio do Povo. Talvez muitos de nós, durante as férias, não tenhamos
nos dado conta, mas a Cidade de São Paulo enfrentou duas greves do rodoviários
entre os meses de janeiro e fevereiro. E greve de ônibus em São Paulo, V. Exas.
podem imaginar o caos e a perda de bilhões por dia. Pois os rodoviários, na
defesa do seu interesse, do seu dissídio - que se encontra na Justiça -
passaram, hoje, não apenas a denunciar as irregularidades da nova tarifa, mas
também passaram a fazer, junto aos seus companheiros, uma campanha para uma
greve.
Ora,
o episódio nós já vimos no ano passado, os rodoviários ameaçam a greve, a
Prefeitura medeia e acaba fechando um grande acordo com os permissionários, e
acaba, de novo, prejudicando os usuários. Aí a tarifa solicitada pelos
permissionários de setenta e três centavos, que agora fica em setenta centavos,
vai acabar ficando em setenta e cinco centavos.
Quero
alertar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a opinião pública em geral: quando
uma prefeitura não tem autonomia para discutir tarifa porque está nas mãos dos
permissionários - e a Prefeitura de Porto Alegre está nas mãos dos
permissionários, porque é ré de um processo que tramita na área federal, e não
sei por que os permissionários não pedem a execução final, cálculo final,
fixação final de valores - o que temos é isso: um grande jogo, onde a vítima é
o usuário do transporte coletivo e, obviamente, por tabelinha, todos os
rodoviários da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta
Lei - a subscreve em primeiro lugar este Vereador e, em segundo, o Ver. José
Valdir - é uma das melhores coisas que já se produziu na Cidade de Porto
Alegre. E ela decorreu exatamente de episódios que se deram no ano de 1997 de
todos conhecidos, porque se travou o mais candente debate na Cidade de Porto
Alegre sobre a questão da tarifa. A tarifa, historicamente, - todos sabem - foi
ideologizada, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e nós tivemos uma experiência
muito rica quando Secretário Municipal dos Transportes, tratando tecnicamente
essas questões. Eu recebo de parte dos rodoviários um documento que me foi
entregue, e entregue também a grande parte dos Vereadores, onde o Sindicato faz
observações acerca do último cálculo tarifário, dizendo, entre outros itens, o
seguinte: “...informá-lo que a planilha de custos da SMT está apresentando
índices ilegais e abusivos.” Então, nós estamos recebendo este documento de
parte do Sindicato dos Rodoviários. Eu não estou afirmando, apenas estou
traduzindo, eu estou refletindo o que diz o documento: que há dados ilegais.
Evidentemente, não precisaria dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a
Lei tem que ser cumprida na sua literalidade, no seu espírito. E a Lei, no
nosso entender, é bastante clara quando estabelece que as tarifas poderão ser
reajustadas, a pedido das empresas de ônibus de Porto Alegre, quando: Primeiro:
na data-base da categoria profissional dos rodoviários por ocasião da revisão
salarial. Segundo: quando a inflação acumulada desde o último reajuste, medida
pelo IGPM da Fundação Getúlio Vargas, ultrapassar 8%. É bom que se diga, que
houve um intenso debate onde se dizia aos quatro ventos que nós teríamos, em
face da lei, o reajuste da tarifa todos os meses. Os que afirmaram isso
cometeram um grave equívoco, porque faz vinte meses que a tarifa, na Cidade de
Porto Alegre, não é reajustada. Trata-se de uma Lei que regula de forma
técnica, profissional e imparcial a questão da tarifa em Porto Alegre. Então,
nós somos surpreendidos com a informação de que há dados que não expressam a
realidade. Nós vamos investigar isso e debater; eu não tenho condições de
expedir um juízo neste instante sobre os cálculos tarifários, por outro lado, a
Lei também determina que, 48 horas após a tarifa ser estabelecida pelo
Município, ela vem para esta Casa para
que possamos examinar, e é o que vamos fazer para aí, sim, dar um juízo acerca
da tarifa que ficou já estabelecida.
Portanto,
fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa manifestação.
Recebemos
o documento do Sindicato dos Rodoviários e até demos recibo. Nós vamos examinar
a planilha de custos para constatar se há ou não irregularidade nas tarifas. É
bom que se diga àqueles que diziam que a tarifa seria reajustada todos os meses
que faz vinte meses, que a tarifa em Porto Alegre não é reajustada. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo
este espaço de Comunicação de Líder do meu Partido para trazer a esta Casa um
assunto sobre o qual, com certeza, os Srs. Vereadores já tomaram conhecimento,
através da imprensa. No último fim de semana ocorreu um trágico acidente no
litoral gaúcho que vitimou um jovem senhor de 26 anos. Uma família que se
deslocou, como tantas outras, para veranear e, quem sabe com muitos planos e
com muita luta, na expectativa de ter um veraneio tranqüilo, mas no último fim
de semana, ao presenciarem uma partida de futebol na areia - o nosso já
consagrado “Bolamar” -, uma dessas arquibancadas construídas na areia
desmoronou, caindo, talvez por excesso de peso, vitimando esse senhor.
Nós trazemos a esta Casa o questionamento: de
quem é a responsabilidade?
O
jovem Sr. Edgar Rogério Liell, de 26 anos, teve a sua coluna vertebral
fraturada ao desmoronar parte da arquibancada, na final do campeonato de
futebol na areia.
Fica
aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nosso repúdio e, quem sabe, a nossa
revolta.
Queremos trazer o nosso alerta para que essas
coisas não venham mais a acontecer.
Dirão
V. Exas. que é culpa do destino ou que são casos isolados, mas nós perguntamos:
onde está a responsabilidade por esses casos que acontecem em nosso dia-a-dia.
Este
jovem foi removido para o Hospital de Pronto Socorro, segundo noticia a nossa
imprensa, e, pasmem, pois este jovem não teve o seu atendimento regular
concluído. Por quê? Porque o nosso Hospital de Pronto Socorro, o nosso amado
HPS estava com o aparelho de tomografia computadorizada estragado.
Meu
querido Líder do Partido dos Trabalhadores, Ver. Guilherme Barbosa, estou
trazendo esse fato não como denúncia, mas o fato é que o Hospital de Pronto
Socorro tinha, no fim de semana ou na segunda-feira, o aparelho de tomografia
computadorizada estragado e, por isso, esse jovem não pode ter o seu
atendimento regularizado.
A
sua esposa faz um alerta: “Precisamos de um médico que assuma o caso.”
Veja,
Ver; João Dib, a esposa dá esse grito de alerta, esse pedido de socorro para
que o seu jovem esposo tenha um médico responsável pelo caso.
Eu
fiz questão de pedir ao meu Líder, Ver. Luiz Braz, para que eu pudesse ocupar
este espaço do meu Partido, porque esse fato me traz à memória um outro que
ocorreu há vinte e três anos, quando eu também, vítima de um acidente de carro
tive a minha coluna vertebral fraturada.
Há
vinte e três anos eu estive no Pronto Socorro e ainda não tinha aparelho de
tomografia computadorizada, pasmem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há vinte
e três anos atrás eu fiquei vinte e três dias dentro daquele Hospital, e, como
ele, não tive um médico que assumisse o meu problema.
Faço
esse alerta, hoje, após vinte e três anos, para fatos como esse, que está
ocorrendo a este jovem senhor, da serra, se não me engano, Edgar Rogério Liell,
de 26 anos. Mais um cidadão que ficará, com certeza, vítima de uma cadeira de
rodas, porque o nosso sistema de saúde, tão caótico, ainda não está preparado
para assumir esses casos que acontecem no nosso dia-a-dia.
Sr.
Presidente, solicito que a Comissão de Saúde da Casa verifique esse caso. Não o
trago como denúncia, mas como um caso de repúdio, de revolta, porque nos dias
de hoje, fatos como este ainda estão acontecendo em nossa Cidade, em nosso
Estado, em nosso País. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder pelo PSB.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem à
noite tivemos a oportunidade de reunir inúmeras famílias lá no Morro da Cruz,
que estão enfrentando um problema seriíssimo: 132 alunos estão sem estudar. A
Escola Padre Cornélio Tedesco fechou, uma escola que era mantida pelo Colégio
São José do Murialdo. Entendemos as dificuldades ocasionadas com a perda da
filantropia, mas fechando uma escola de primeira a quarta série, com crianças
na faixa etária de 7 a 10 anos, cria-se um problema enorme, e, hoje, essas 132
crianças estão sem escola. A Secretaria Municipal de Educação, num movimento
muito rápido, na própria escola do Morro da Cruz, já disponibilizou 84 vagas,
abertas para a segunda, quarta e quinta séries, porém, mais de 50 crianças
ainda continuam sem escola. Já fizemos contatos com a Secretaria de Educação do
Estado para agilizar, porque entendemos que nesta faixa etária as crianças não
podem ter um deslocamento para apanhar ônibus, porque cria um transtorno. Além
do transtorno financeiro há o problema com o deslocamento de crianças que não
estão habituadas a esse tipo de movimentação. Então, o que nós encarecemos, e
até pelo que diz o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, é que essa
faixa etária tem que ser cuidada com muito zelo.
Nós
queremos apurar com que responsabilidade se fecham escolas aqui em Porto
Alegre. Entendemos, e voltamos a colocar que sabemos da dificuldade com a perda
da filantropia das escolas, mas o que não pode é fechar, neste momento, e
deixar 132 crianças, de sete a dez anos, sem escola. Os pais estão
desnorteados, sem saber o que fazer.
Ontem, nós presenciamos de perto a
comunidade solicitando e as próprias crianças dizendo: “tio, nós queremos
estudar”. É esse o nosso apelo, porque temos certeza que, como a Secretaria
Municipal da Educação já agilizou, o Governo do Estado também vai agilizar,
para que nenhuma criança fique sem escola neste início de
ano letivo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ANTÔNIO LOSADA (Esclarecimento): Sr. Presidente, na qualidade de
Presidente da CUTHAB, eu queria esclarecer que, com relação ao aumento das
tarifas do transporte coletivo em Porto Alegre, essa Comissão receberá, no
prazo de 48 horas, a planilha que justifica esse aumento. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com
relação ao reajuste de tarifas do transporte coletivo em nossa Cidade, entendo
que traz impacto, porque o bolso da população fica cada vez mais curto. Mas,
nós temos que inserir isso no contexto da economia do País, da nova situação
que se coloca, e analisar, a partir da lei vigente em nossa Cidade.
Como
foi lido pelo Ver. Elói Guimarães, o reajuste na tarifa de Porto Alegre deve
acontecer ou na data base da categoria rodoviária, e esta data base é 1º de
fevereiro, neste mês, portanto, ou quando a inflação medida pelo IGPM - Índice
Geral de Preços de Mercado - atingir 8%. Nós estamos há vinte meses, na cidade
de Porto Alegre, sem reajuste na tarifa. Agora, esse reajuste, de 7,76%, acho
que esse é o número exato, faz com que a nossa tarifa vá a R$ 0,70 centavos.
Mesmo assim essa nossa tarifa é a 15ª tarifa das capitais do País e, ao mesmo
tempo, temos na categoria dos rodoviários o segundo maior salário do País - não
quero aqui afirmar que é um salário maravilhoso - mas no País é o segundo mais
alto, perdendo apenas para São Paulo cuja tarifa é um real e vinte centavos.
Claro, a cidade é maior, teria que ser maior a tarifa, mas entre zero setenta
centavos e um real e vinte centavos há uma enorme diferença, praticamente 70% a
mais. Não encontra eco na realidade a afirmação de que o nosso Executivo está
na mão da ATP, ao contrário! Muito ao contrário! Em 89 quando nós chegamos ao
Executivo desta Cidade, não havia praticamente controle sobre o sistema de
transporte coletivo de nossa Capital. A partir daí o Executivo Municipal sim,
estabeleceu um controle forte no nosso sistema de transporte que hoje é, na
qualidade, um dos melhores deste País. Basta ver a frota, basta ver o
cumprimento de horários que chega a quase 100% em nossa Cidade. Podemos
melhorar? Ah, podemos, sim! Há pouco algumas linhas novas foram estabelecidas
com ônibus com ar condicionado e a tarifa, a mesma tarifa, sem nenhuma
diferença do outro transporte e, ouso dizer, esse vai ser um processo crescente
em nossa Cidade. Daqui a uns poucos anos os ônibus de nossa Cidade estarão
todos, ou quase todos, com ar condicionado, porque o controle é do Executivo e
o controle é forte sobre o sistema, coisa que não existia antes. E o que nós
víamos, naquela ocasião, Ver. Elói Guimarães, em alguns períodos sei que houve
controle, mas em outros não. Acho que não tinha um domínio completo sobre isso
e, em alguns momentos, se perdeu o controle do sistema. Em algumas ocasiões
tivemos greves, e isso ocorria várias vezes, também havia um conflito
permanente com a Câmara que definia a tarifa, e era uma pressão enorme sobre os
Vereadores. Este tempo passou, acho que se produziu uma política, até com a
contribuição do próprio Ver. Elói Guimarães, uma lei que estabilizou o sistema,
que colocou critérios para que o sistema seja de qualidade na Cidade, uma
tarifa acessível, e para que tenhamos uma certa pacificação no sistema coletivo
da Cidade de Porto Alegre.
Com
relação à questão do Pronto Socorro Municipal, como sempre, buscarei
informações para oferecer aos nossos Vereadores, embora dizendo que não seria,
Ver. Paulo Brum, pela ausência do aparelho de tomografia computadorizada que o
atendimento ao paciente citado por V. Exa. não teria sido feito com qualidade.
De qualquer maneira, vamos ver o que aconteceu, quem sabe alguma medida para
recuperar o aparelho já tivesse sido tomada, mas nós vamos trazer as
informações completas na próxima Sessão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. HÉLIO CORBELLINI (Requerimento): Sr. Presidente, como Presidente da
Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, diante do que o Ver. Elói
Guimarães colocou, nós também, em nossa Comissão, gostaríamos de examinar a
planilha, já que todos os usuários são consumidores do sistema de transportes.
Então, estamos requerendo que a planilha também viesse à nossa Comissão. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra, para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, em nome da Bancada do PMDB eu trago aqui duas preocupações que hoje
são importantes de serem debatidas neste Plenário. Duas notícias que pegaram de
surpresa o nosso Estado e a nossa população.
Primeiro,
no jornal Zero Hora de hoje tem uma manchete que diz: “Turistas recebem boletim
sobre mazelas estaduais.” Qualquer leitor, no primeiro momento, não entendia o
que isso significava, porque em qualquer pórtico de turismo de qualquer cidade
ou região do mundo os turistas recebem das suas secretarias de turismo, dos
órgãos responsáveis por divulgar o turismo daquele estado ou daquele país os
indicativos das rodovias, os monumentos que atraem os turistas e isso é da
maior importância, porque sabemos que o turismo, hoje, é, talvez, o setor que
mais cresce no mundo.
O
Estado do Rio Grande do Sul, infelizmente, vive um momento sui generis, pois, junto com o material turístico do Estado, está
sendo distribuído um panfleto de quatro páginas que custou R$ 18 mil que não
fala de nenhuma tradição turística, não fala das belezas de Gramado e Canela,
da rota Romântica, da Região dos vinhedos nem das peculiaridades da fronteira
gaúcha. É um panfleto absolutamente escrito sob uma ótica
ideológico-partidária, que faz uma avaliação partidária de uma forma de gestão
do Partido dos Trabalhadores que está no Governo e fala, não das belezas do Rio
Grande, do crescimento do turismo que viveu esse Estado nos últimos anos, das
belezas naturais - Itaimbezinho e da Praia de Torres -, mas fala desta
verdadeira briga que está aí do Governo do Estado com o Governo Federal, essa
briga que parece mais uma “briga de galo de rinha” - usando um tema que está em
moda nesta Casa - que deve, no mínimo, escandalizar os turistas e escandalizar
ainda mais os turistas que chegam ao Rio Grande do Sul, que é um Estado de uma
longa e forte tradição política e democrática. Imaginem os Senhores, que nos
acompanham neste debate, que este panfleto é distribuído pelos funcionários
públicos, pagos com nossos impostos e este panfleto apesar de ser uma visão,
uma ótica absolutamente partidária e eleitoral, ele tem o timbre do Governo do
Estado. Mas que sociedade é essa que está se querendo construir, onde se usa o
dinheiro público, onde se usa a informação de um setor de um partido, de uma
legenda, de uma sigla, em nome de uma instituição governamental? O que isso
atrai, o que isso ajuda o turismo do Rio Grande? Como se isso não bastasse, a
perda de recursos que estamos vivendo por essa incapacidade de negociação do
Governo do Estado, o atual Governo ainda tenta prejudicar, agora por uma outra
via, o Estado do Rio Grande do Sul, tentando abalar o potencial turístico do
Estado. Quem administra, quem está no poder, quem dirige uma instituição
pública tem que saber da sua responsabilidade pública, tem que saber a
diferença entre ser governante e militante de partido; tem que saber qual é a
diferença de uma legenda e de uma administração e, principalmente, de uma
administração de um Estado, como o Estado do Rio Grande do Sul. Mas não ficam
por aí os absurdos desse panfleto que é distribuído, em vez de ser distribuída
a divulgação do Estado do Rio Grande do Sul. É assinado por um Secretário de
uma Secretaria que não existe. Ou estou equivocada? Quem cria uma Secretaria,
Ver. Elói Guimarães, que é advogado? Não tem que passar por uma assembléia
legislativa para criar-se uma nova secretaria de governo? É óbvia a aprovação
de uma secretaria de governo, de uma nova Secretaria de Comunicação do Estado
do Rio Grande do Sul. Se não houve, não tem secretaria. Mas quando a pessoa se
investe de uma posição autoritária para assumir o Executivo, despreza o
Legislativo e começa administrar com uma proposta única, com um pensamento
único, autoritário, que passa por cima das demais instituições, esse fato nós
temos que discutir sim, porque também afeta Porto Alegre, pois grande parte dos
turistas que entra no Estado do Rio Grande do Sul, é através da Capital.
O
outro tema que eu queria falar, infelizmente não vai mais dar tempo, é dessa
outra surpresa que os porto-alegrenses tiveram no dia de hoje em relação ao
aumento dos ônibus na nossa Capital. Falaremos sobre isso na próxima Sessão.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Sônia Santos, Presidente da
Comissão de Saúde da Casa, pede oportunidade para fazer um esclarecimento e,
como é de relevância absoluta, nós concedemos.
A SRA. SÔNIA SANTOS (Esclarecimento): Sr. Presidente, o Ver. Paulo Brum, na
sua manifestação, trouxe a sua preocupação e fez um Requerimento para que a
Comissão se manifeste. A Comissão de Saúde já entrou em contato com o Hospital
de Pronto Socorro e tivemos a informação de que uma ampola do tomógrafo estava
estragada. A resposta foi dada pelo Dr. Fernando Moti, da chefia de plantão. E,
segundo ele, essa ampola estaria sendo buscada em Israel e, por suas próprias
palavras, aparelhos estragam em qualquer lugar do mundo e os pacientes estariam
sendo transferidos para o Hospital Cristo Redentor.
Esperamos
que, de Israel, venha o mais breve possível essa ampola para que tantas outras
pessoas, assim como esta referida pelo Ver. Paulo Brum, não fiquem esperando
uma vaga, no Hospital Cristo Redentor, para serem atendidas e poderem realizar
os seus exames. Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
Em
votação o Requerimento nº 27/99, Proc. nº 608/99, de autoria do Ver. Renato
Guimarães, solicitando Moção de Repúdio ao Prefeito de Corumbá, Mato Grosso do
Sul, pela expulsão dos moradores de rua daquela cidade. O Ver. Renato Guimarães
solicita que, após os trâmites legais, seja oficiado à Prefeitura de Corumbá, à
Câmara de Vereadores, ao Congresso Nacional e aos meios de comunicação o
repúdio desta egrégia Casa à medida de expulsão de moradores de rua daquela
cidade, visando sua limpeza, conforme declaração do próprio Prefeito.
O SR. LUIZ BRAZ (Esclarecimento): Já que não conhecemos essa matéria,
baseado em que artigo o Ver. Renato Guimarães está fazendo a Moção de Repúdio?
O SR. 1º SECRETÁRIO: Baseado em uma matéria da “Folha de Campo
Grande”, Mato Grosso.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Esclarecimento): Nós anexamos junto ao Requerimento a
matéria da “Folha de São Paulo”, jornal que é distribuído nesta Casa, e esse
fato também foi noticiado por toda imprensa nacional, teve todo um processo de
cobertura de rádios e televisões, e os próprios jornais da nossa capital
noticiaram, mas, mesmo assim, anexamos ao Processo a matéria base, que foi a
fonte da denúncia.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
encaminhar a Votação do Requerimento nº 27/99.
O SR. JOÃO DIB: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, sou
um homem tranqüilo quanto a Moções de Repúdio a pessoas: não voto de forma
nenhuma, principalmente a partir de uma notícia de jornal. Não estou colocando
em dúvida o jornal de Campo Grande, do Mato Grosso, que chegou às mãos do Ver.
Renato Guimarães. Penso que, para fazer uma análise do procedimento de um
Prefeito, é preciso algo mais do que uma notícia de jornal, onde cada um
interpreta da maneira que quiser.
Estou
tão tranqüilo com relação às Moções de Repúdio que não fiz uma Moção de Repúdio
ao Prefeito Raul Pont quando, com muita violência, fez reintegração de posse,
que era muito duvidosa, tanto que aquele que tomou conhecimento antes entrou na
Justiça, obteve a liminar e está lá até hoje. Com toda violência possível
retirou os moradores da Perimetral com a Lima e Silva. Os moradores estavam
dentro de casa e as máquinas de Prefeitura derrubando as casas. Eu também não
fiz uma Moção de Repúdio ao Pref. Raul Pont, conversei com ele, naquele dia, e
solicitei que parasse. Conversei com o Secretário de Obras e Viação, também
solicitei que parasse até para impedir que as pessoas não fossem feridas, sendo
que uma delas saiu daquele local e foi direto para o Pronto Socorro por causa
de sua idade avançada e de seus problemas cardíacos, mas a Prefeitura e o Dr.
Raul Pont foram insensíveis. O meu querido amigo Estilac Xavier foi insensível,
porque não podia decidir sozinho. Os procuradores do Município tinham pressa;
por quê? O que fizeram de bom para a Cidade, retirando aquelas pessoas de
dentro de suas casas e com máquinas pesadas, derrubando as paredes com as
pessoas ainda dentro de casa? Eu não fiz uma moção de repúdio ao Prefeito.
Penso que ele agiu muito mal, mas não o repudiei, usando a força da Câmara
Municipal de Porto Alegre. Portanto, não vou votar favoravelmente à Moção de
Repúdio, mas estou alertando que não temos condições maiores de analisar uma
notícia trazida ao jornal. Freqüentemente, temos lido uma comunicação na
imprensa e depois vem o desmentido. Então, não tenho motivos para fazer com que
esta Casa repudie um Prefeito que não conheço, que não é de meu Estado, não é
de minha Cidade, e sem razões maiores. Portanto, voto contrariamente à Moção de
Repúdio. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão de Ordem): Eu consulto V. Exa., porque estou
encaminhando um Requerimento, atendendo a um convite do Tribunal Internacional
da África, inicialmente dirigido à Vera. Sonia Sarai. V. Exa. indeferiu o
Requerimento, porque ela é Suplente. O convite retorna, dirigindo-se a este
Vereador, a fim de participar do encontro do Tribunal Internacional na África
que vai analisar, discutir e julgar as ameaças a outros povos africanos.
Portanto,
o assunto já veio anteriormente a esta Casa. Em vista da impossibilidade da
Vera. Sônia Sarai, o convite retornou dirigindo a este Vereador. Eu encaminhei
o Requerimento à Casa e, inclusive, já conversei com todas as Lideranças que
são plenamente favoráveis - ou quase todas as Lideranças são favoráveis -, como
sempre aconteceu nesta Casa. Gostaria que V. Exa. colocasse ainda hoje, nesta
Sessão, este Requerimento em votação, porque a viagem, caso ocorra, tem que
ocorrer no dia 27, porque o Encontro será dias 28 e 1º de março, em Johannesburgo,
na África do Sul.
O SR. PRESIDENTE: Eu quero esclarecer ao nobre Ver. José
Valdir e ao Plenário que esta matéria é regida pelo Artigo 218 do Regimento,
Parágrafo 4º, que diz que o Presidente poderá designar Vereador ou Vereadores
para representar a Câmara em eventos oficiais ou emissão especial, havendo
necessidade de aprovação do Plenário, quando a representação importar ônus
adicionais ao erário, não cabendo, em qualquer caso, designação de Suplente.
Então, quanto à solicitação da Vereadora, está claro o Regimento. E o Artigo é
dividido em duas partes: a primeira é a designação do Presidente. O único
representante da Casa em eventos oficiais é o Presidente. Se ele delegar, ele
estabelece a primeira parte do Artigo. E, havendo ônus, que é o caso, o
Plenário decide. O Ver. José Valdir apresentou o Requerimento, solicitando que
fosse colocado em votação. Nunca solicitando se eu estava designando o
Vereador.
Claramente,
se é que alguém ainda não sabe, a autoridade da Casa vai ser exercida por mim e
disse que não seria autoritário. E, dentro desta autoridade, eu designo. Não
resolvi, ainda, se vou designar o Ver. José Valdir, para representar. Então,
estou sendo claro para toda a população de Porto Alegre. Mais, sou o zelador do
dinheiro público desta Casa. Esta é uma viagem para Johannesburgo, na África, e
o dólar está, hoje, R$ 2,01. Eu não tenho, aqui, quanto sairá esta viagem.
Então, quanto à premência de datas, ser sábado ou domingo, eu não me importo.
Eu quero saber por quanto a viagem vai sair e, depois, vou estabelecer a
primeira parte do Regimento, designar ou não alguém para representar a mim e a
Casa. De modo que, não ultrapassando a primeira parte do Regimento e do Artigo,
eu digo claramente: neste momento, o Requerimento não será colocado em votação.
O SR. JOSÉ VALDIR (Esclarecimento): Sr. Presidente, ninguém está querendo
ferir o Regimento, mas lembrar que a tradição, a jurisprudência, o aspecto
consuetudinário que se estabeleceu, ao longo de anos nesta Casa, é de que esse
tipo de solicitação de comparecimento a encontros, em que as entidades
promotoras indicam alguém dentre os Vereadores, por critério que elas têm, era
atendida de pronto. Os Presidentes da Casa entendiam a solicitação, que era
colocada em votação, e o Plenário decidia.
V.
Exa. pode fazer diferente, só espero que, se for assim, que seja para todos
nesta Casa.
Penso
que V. Exa. esteja inaugurando uma nova forma de proceder, completamente
diferente da sistemática que até então funcionava, e muito bem. Nunca ninguém
esbanjou dinheiro público. Já se viajou para Paris, Pequim, Estados Unidos,
Argentina, para todos os cantos do mundo representando a Casa, diga-se de
passagem que representada sempre brilhantemente por todos os partidos
políticos. Ninguém nunca esbanjou dinheiro, haja vista que nem a imprensa
questionou isso, porque esta Casa tem austeridade.
O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir, eu não falei em
esbanjar dinheiro. Quero dizer que não é nada pessoal contra V. Exa., como não
o é com nenhum outro Vereador. Eu nunca tive problemas de ordem pessoal com V.
Exa. e nem usaria de qualquer outro expediente diferente.
V.
Exa. disse que eu estaria inaugurando algo diferente. Absolutamente! Eu não
quero inaugurar nada. É que V. Exa. fez o Requerimento como se eu tivesse a
obrigação de colocá-lo ao Plenário. V. Exa. disse-me que já tinha falado com as
Lideranças, só que V. Exa. esqueceu-se de falar com o Presidente, que é o único
que designa, que é o representante da Casa. Mas, não é por isso. Eu não criarei
problemas para V. Exa. representar a Casa.
Mas,
Ver. José Valdir, V. Exa. que é um Vereador de bom senso e responsável, há de
convir que eu, sem saber das despesas, não colocaria a questão ao Plenário
irresponsavelmente. Desse modo eu cometeria erros, passaria por cima de mim
mesmo, designando, sem saber quanto isso custaria à Casa. Então, por favor, não
leve para o terreno de que eu estou com má-vontade ou que estou inaugurando
algo novo. Eu sempre votei favorável às viagens. Não tenho nenhum problema
quanto ao fato de V. Exa. representar a Casa, mas V. Exa. sabe que o dólar
dobrou de valor, e não sei de quanto será a despesa. V. Exa. compreenda! Quero
que fique claro que não há nenhuma indisposição com V. Exa. ou com qualquer
outro Vereador, inclusive da minha Bancada. Agora mesmo o Ver. Isaac Ainhorn me
pediu um carro oficial para ir ao aeroporto apanhar um avião para Brasília em
delegação oficial, e eu neguei o carro oficial. Carro oficial é representação
da Câmara, e só o Presidente o usa. É antipático? Não me interessa; é deliberação
minha. O Presidente sou eu; eu vou deliberar. Claro que não sou imune a
críticas e aceitarei críticas, e sobre aquelas que forem procedentes eu pedirei
escusas.
Até
amanhã, dependendo do valor das despesas, autorizarei a viagem do Ver. José
Valdir, com a maior tranqüilidade, e trarei sexta-feira para o referendo do
Plenário. Quero que V. Exa., Ver. José Valdir, compreenda - e V. Exa. é de um
Partido que vive reclamando do zelo com o dinheiro público - que estou sendo
zeloso. V. Exa. me perdoe se estou sendo veemente, mas serei assim até o
cumprimento do meu mandato. Não é nada pessoal, tenho a maior consideração por
V. Exa. e continuarei a tê-la, como também com os demais pares desta Casa.
Se
V. Exa. achar que estou exagerando, peço escusas, mas com relação a isso
exercerei a minha autoridade em toda a plenitude.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, quero cumprimentá-lo
pelo bom senso quando está tratando dessa matéria. Quero também dizer que, no
passado, essas matérias que pedissem representação, principalmente no exterior,
eram tratadas primeiramente numa reunião de Mesa e Lideranças, porque outros
representantes da Casa também poderiam se candidatar a serem representantes.
Não temos nada contra a representação do Ver. José Valdir, mas como se trata do
povo negro na África do Sul, vejo outros Vereadores - pelo menos uma - que
poderia querer representar esta Casa, claro que isso deliberado por V. Exa. e
pelo Plenário, para emitir lá o voto, de acordo com o que esta Casa quisesse.
O SR. PRESIDENTE: Eu não gostaria que se entrasse no
mérito da questão, porque eu não estou no mérito da questão; estou na
preliminar da questão principal, que é a despesa; só isso! Não queria debater
isso em Plenário hoje, mas o Ver. José Valdir pediu a Questão de Ordem, e, se eu
não lhe permitisse formulá-la, o Vereador diria que eu estava agindo
antidemocraticamente com S. Exa., mas o mérito do assunto não está sendo
discutido. O que está sendo decidido, preliminarmente, é o conteúdo da viagem.
Acho que os Vereadores estão esclarecidos.
O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra para encaminhar o Requerimento nº
27/99, de sua autoria.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta
Casa, no mês de fevereiro, em razão do recesso, não fez o debate apropriado de
um fato que escandalizou a sociedade brasileira e que teve repercussão até
internacional. Foi divulgado pelo Jornal Nacional, pelo jornal Folha de São
Paulo e pela maioria dos veículos de comunicação nacional, a iniciativa de um
Prefeito de Corumbá, que pegou os mendigos da cidade, agrupou-os, colocou-os
dentro de um ônibus, junto com a guarda municipal, e os encaminhou para fora da
Cidade com destino à capital de São Paulo. Isso teve uma grande repercussão; há
uma CPI na Câmara e todo um processo de investigação. No momento em que a
matéria foi noticiada, o próprio Prefeito, em entrevista, assumiu que tinha
deliberado fazer a dita “limpeza” na Cidade.
No
nosso entendimento, pelo grau de agressão aos direitos humanos que foi aquele
ato, penso que esta Casa deve se manifestar.
Foi
lá no início do mês de fevereiro, e já estamos no seu final, mas esta Casa tem
uma história no sentido de não deixar passar atos autoritários como esses
contra os direitos humanos.
Gostaria
de referendar uma questão aqui, pois o Vereador sobe à tribuna e diz que sempre
vota contra moções de repúdio. Acho que existe, por parte de alguns Vereadores,
uma postura de defender atos de autoritarismo, atos contra os direitos humanos,
essa postura que referenda o autoritarismo, que referenda a violação dos
direitos humanos. Por isso nós temos que enfrentar a questão, temos que fazer o
debate, votar, repudiar este tipo de ação que trata o ser humano como se ele
fosse um lixo.
E
não se debate o porquê de esse ser humano estar na condição de desempregado,
atirado nas calçadas de uma cidade. O próprio Prefeito da Cidade de Corumbá
deveria ter sua atenção chamada - ele é do partido que governa o País - para o
fato de que a miséria que está, hoje, campeando pelas cidades brasileiras, é
fruto de um modelo econômico que está atirando a maioria das famílias no
desemprego. Em vez disso, qual é a solução que esse Prefeito arranja? Passar a
vassoura na cidade, limpar a cidade.
E
quando se faz o debate nesta Casa, tenta-se comparar essas com ações do
Município de Porto Alegre. Aliás, Ver. João Dib, é bom que se esclareça aqui,
porque várias vezes esse assunto já veio para esta tribuna: a ação de
reintegração de posse da Av. Perimetral foi aberta no governo Tarso Genro;
desde o Governo Tarso Genro vinha-se fazendo a negociação com os moradores
dali. O ato de reintegração de uma área pública é um ato doloroso, sim, mas é
um ato em defesa do espaço público desta Cidade e é feito pelo nosso Governo
com muito debate, com muita democracia; não de forma autoritária.
Isso
em nada pode ser comparado com a atitude do Prefeito de Corumbá. Esta Casa tem
que repudiá-la para que isso não aconteça em parte nenhuma deste País e deste
mundo. O ser humano tem que ser tratado como ser humano e não como lixo, e o
mínimo que pode acontecer com aquele Prefeito é ele ter cassado o seu mandato,
porque um homem que sobe a uma condição pública não pode enxergar o ser humano
da forma como ele enxerga. Por isso eu peço ao Sr. Presidente e a esta Casa que
repudie a ação desse Prefeito e demonstre isso para que outros não cometam o
mesmo erro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
encaminhar a votação do Requerimento nº 27/99.
O SR. LUIZ BRAZ::
Vereador Nereu D'Ávila, Presidente desta Casa; Ver. Paulo Brum; Srs.
Vereadores, quando fiz um pedido à Presidência solicitando maiores dados a
respeito da Moção de Repúdio assinada pelo Ver. Renato Guimarães, eu estava
exatamente dentro da linha de Vereadores do partido de V. Exa., Ver. Renato
Guimarães, que, muitas vezes, quando da votação de outras Moções de Repúdio
aqui nesta Casa, em anos anteriores, muito embora os fatos sendo notórios,
muito embora os fatos sendo amplamente divulgados pela imprensa, exigiram que o
processo estivesse integrado com essas notas, porque sem elas não poderiam
votar.
Eu
me lembro, Ver. João Dib, de um Requerimento de sua autoria, que V. Exa. não
conseguiu fazer votar exatamente porque, naquela época, a Vera. Maria do
Rosário pediu, apesar de o fato ser notório, que as notas estivessem integrando
o processo.
É
claro, Ver. Renato Guimarães, que, a uma Moção de Repúdio como essa que V. Exa.
coloca na Mesa, toda a Casa tem que estar favorável. O ato do Prefeito de
Corumbá lembra uma ocasião na época antiga, quando Carlos Lacerda, no Rio de
Janeiro, mandava recolher os mendigos e atirar no rio Guandu. Eu até acredito
que o Prefeito da Cidade de Corumbá - não sei a que partido pertence, mas pode
pertencer até ao meu Partido - merece repúdio, porque ele está sendo tão cruel
ou até mais cruel do que foi Carlos Lacerda naquela época. Acho que não há um
Vereador desta Casa que vá negar o seu voto a esta Moção de Repúdio.
Aliás,
esses atos que indicam o autoritarismo do Prefeito, todos esses atos têm que
ser repudiados; todos atos de autoritarismo por parte de prefeitos, por parte
de governadores, por parte das autoridades constituídas, têm que ser
repudiados. Eu vejo aqui, Ver. João Dib, no nosso Estado, no Rio Grande do Sul,
tantos e tantos atos autoritários que passam por cima da própria Assembléia
Legislativa. Ouvi há pouco a Vera. Clênia Maranhão denunciando aqui desta
tribuna que foi criada uma Secretaria sem passar pela Assembléia Legislativa
ou, pelo menos, alguém está se intitulando secretário e expedindo notas em nome
do Governo do Estado sem que esta Secretaria tenha sido criada pela Assembléia
Legislativa. Esse, Ver. Pedro Américo Leal, é um ato de autoritarismo, é um ato
que deve ser repudiado por todos nós. Atos como esse têm que constar de moções
como esta para serem repudiados. Nós temos que fazer com que a democracia possa
ser sempre reverenciada por todos nós. E para nós reverenciarmos a democracia,
temos que repudiar tudo aquilo que cheire a autoritarismo, tudo aquilo que se
assemelhe a atos como aqueles que foram denunciados aqui pela Vera. Clênia
Maranhão e tantos outros espalhados pelo nosso Rio grande do Sul e pela nossa
Porto Alegre.
Então,
é claro, Ver. Renato Guimarães, que não podemos negar os votos da nossa Bancada
a esta Moção de Repúdio apresentada por V. Exa. Acho que V. Exa., realmente,
está cumprindo com o seu dever de Vereador repudiando os atos do Prefeito de
Curumbá.
Aproveitamos,
também, neste encaminhamento, para repudiar as outras ações cometidas pelo
Governo do Estado que, de maneira autoritária, passa por cima da vontade do
povo do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para encaminhar.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, eu faço, rapidamente, uma intervenção a respeito do Requerimento
apresentado pelo Ver. Renato Guimarães, que é uma Moção de Repúdio ao Prefeito
de Corumbá pela forma desumana como encaminhou a expulsão dos moradores de rua
daquela cidade. Seguramente, vários de nós, além de termos lido na imprensa
nacional notícia detalhada sobre esse triste acontecimento recente de um poder
público municipal neste País, também vimos, através da televisão, quando os
guardas municipais do município de Corumbá, com várias cenas de violência,
colocavam a população de rua daquela cidade - que, evidentemente é uma
população de rua grande, porque é uma região extremamente pobre - contra a sua
vontade, dentro de um ônibus, distribuindo-a ao longo dos caminhos, nas rodoviárias
das cidades subseqüentes ao trajeto que fazia aquele transporte. Eu acho que é,
realmente, uma atitude absolutamente desumana, além do que, fere completamente
a lógica do crescimento de uma política social, de uma legislação na área
social que foi conquistada neste País, que dá responsabilidade aos municípios
no que diz respeito aos cuidados com as populações mais vulneráveis quando
assumem, através da Lei Orgânica de Assistência Social, a responsabilidade da
área social. Eu acredito que é papel também de todas as Câmaras se posicionarem
contra essa atitude, porque reforça um pensamento de protesto, de repúdio
contra a violação dos direitos humanos que são feitas, ainda, neste País, pelo
próprios aparatos do Governo, quando o cidadão é um cidadão desempregado e
quando o cidadão é um cidadão que não tem moradia e que faz das ruas o seu
espaço individual. Eu acho que foi uma cena extremamente chocante e acho que
quando o País inteiro toma conhecimento de uma cena de violência feita por um
Poder Público, tem a responsabilidade de denunciar, de repudiar e de se colocar
contra isso, porque cria, assim, instrumentos capazes de se contraporem a essa
política desumana que, infelizmente, ainda é implantada, executada,
desenvolvida por tantos aparatos de repressão que são criados dentro dos órgãos
públicos, exercida por pessoas que são pagas com o dinheiro público, dinheiro
dos contribuintes, pessoas que são funcionários públicos para servir a
população e que executam ações completamente contraditórias ao papel que lhes
foi delegado. Acho que a ação de limpeza, como foi colocada aquela ação, que,
na verdade, foi um absoluto desrespeito aos direitos humanos dos cidadãos de
Corumbá, merece, sim, o repúdio desta Casa. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt
para encaminhar a votação do Requerimento nº 27/99.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço
questão de fazer esse encaminhamento porque alguns dias atrás vi, pela
televisão, as cenas verdadeiramente chocantes de alguns dos passageiros desse
ônibus recolhidos violentamente na Cidade, batidos, inclusive, por uma guarda
municipal, comandada por um coronel da Polícia Militar, aparentemente
aposentado, mas, de qualquer maneira, continua coronel da Polícia Militar, e
que tinha a ordem de ir largando essas pessoas ao longo da estrada, entre
Corumbá e São Paulo. E se não fôra a denúncia de uma das vítimas, que acionou a
Polícia Federal, quem sabe lá esse caso teria ficado absolutamente fora do
conhecimento da opinião pública.
Lembrei
que pela década de sessenta, se não me engano, o Governador Carlos Lacerda
ficou célebre no Rio de Janeiro porque, quando da visita da rainha da
Inglaterra, mandou recolher todos os mendigos da Cidade do Rio de Janeiro e
despejar do outro lado da baía, para que a rainha não visse a miséria da
cidade, como se recolhendo o fruto, se eliminasse o motivo. Então, é evidente
que, como Vereador da Cidade de Porto Alegre, como cidadão, como alguém que respeita
o ser humano, não há como aceitar e admitir comportamento desse tipo. E nós até
podemos discutir se é propício ou não um debate desse tipo nesta Casa.
Particularmente, acho que neste caso é propício, porque envolve o município.
Lembro que alguns prefeitos de cidades da Serra andaram ensaiando este tipo de
coisa. Esse é um comportamento fascista. Daí para o nazismo é um salto muito
curto. Quero dizer ao Ver. Renato Guimarães que não aceito a menção de dizer
que é do partido do Presidente da República. Vamos mencionar claro: é,
infelizmente, um Prefeito do PSDB, que nada tem a ver com o Presidente da
República. Só falta dizer que é culpa do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Quero dizer, Ver. Renato Guimarães, que além ...
(Aparte
anti-regimental do Ver. Renato Guimarães.)
É uma gozadinha que acho que diminui a
denúncia de V. Exa.. Aí é que está o destempero e a falta de tom.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Renato Guimarães.)
É
uma forçadinha que diminui, porque, de repente, em cima de uma coisa como esta,
V. Exa. perde a oportunidade de ter o respeito de todos os seus confrades desta
Casa, muito especialmente o nosso, do PSDB, porque não há nenhum item em nosso
estatuto que possa aprovar o comportamento desse cidadão. E digo mais, e digo
também ao público que, através da cobertura de televisão desta Sessão da
Câmara, nos assiste, que quero assumir aqui um compromisso com os meus
companheiros, os trinta e três Vereadores desta Cidade: como Presidente do PSDB
do Rio Grande do Sul quero, na segunda-feira, pedir aos meus companheiros da
executiva que se aprove um pedido de expulsão desse cidadão do PSDB. Não quero
ter como companheiro um cidadão como esse.
Agora,
Ver. Renato Guimarães, não sejamos injustos com o Presidente Fernando Henrique.
Vou trazer a V. Exa. de presente, na próxima semana, a cópia de um estudo
firmado pela USP, pelo Grupo de Estudos de Defesa dos Direitos Humanos,
liderado pelo Dr. Hélio Bicudo, Professor da USP, membro do Partido de V. Exa.,
que reconhece que o Governo Fernando Henrique foi o Governo onde se deu o maior
avanço na defesa dos direitos humanos neste País. Está escrito, e não é por
ninguém do PSDB, mas por alguém do Partido dos Trabalhadores. Vou presentear
este estudo a V. Exa. de público, numa Sessão, na semana que vem. Então, vamos
separar as coisas e respeitar alguns limites no debate político. Ninguém pode
apoiar isto, e mais do que isto: temos que condenar esta atitude. Então, não
vamos misturar e vamos, sobretudo, respeitar a autoridade maior do País e não
vamos mesclar coisas. Sobretudo, vamos reconhecer o que muitos companheiros do
PT, infelizmente, têm o péssimo hábito de não fazê-lo: que alguns partidos, sem
ser o PT, também fazem umas coisas boas de vez em quando. Não custa a gente
reconhecer. Faz bem para à saúde!
Quero
deixar aqui o registro de que é lamentável ter um tipo de político, de
administrador. Talvez ele até tenha tido vários motivos, do ponto de vista da
administração, mas não há nenhum que possa desrespeitar o ser humano e ser
motivo de justificativa.
Eu
quero, em nome do PSDB, encaminhar a Moção contrária a esse Prefeito de
Corumbá, que é do meu Partido e, sobretudo, dizer, lamentando que ele seja do
meu Partido, que se depender de uma posição que eu quero levar à Executiva na
próxima segunda-feira, o Rio Grande do Sul vai pedir a expulsão desse cidadão
do Partido da Social Democracia Brasileira. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para encaminhar.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no meu
entender, as objeções possíveis a uma matéria dessa natureza só podem se dar ao
nível da veracidade da matéria. Uma vez vencida essa premissa - regular o
processo - a essa altura da civilização, da compreensão para os problemas dos
seres humanos, nenhum óbice pode justificar entendimento que não aquele em
favor da presente Moção. E traria à colação, a instruir a matéria, o meu
depoimento que, ao lado de tantos outros, assisti, numa rede nacional de
televisão, todo o desdobramento que se deu em face desse episódio lamentável
por todos os aspectos. Essa questão, sim, se nos afigura fundamental.
O
fato trazido por um jornal local procede? É verdadeiro? Sim, é verdadeiro,
porque muitos Vereadores assistiram ao noticiário nacional, com depoimento dos
pobres, dos mendigos que foram, inclusive, distribuídos por quilômetros. Então,
o processo está perfeitamente instruído e o mérito, evidentemente, é
inquestionável. A matéria - até faremos um apelo à Casa pelo seu grau de
consciência civilidade - tem que ser votada à unanimidade por se tratar de uma
questão extremamente grave. A ação do Prefeito ultrapassa o autoritarismo para
se colocar naquilo que se denomina desumanidade, falta de cristandade com o
semelhante e com o ser humano. É um ato que transborda os limites da própria
compreensão de seres civilizados.
Então,
nesse sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, partindo dos elementos e dos
dados que se têm de que, efetivamente, o Prefeito de Corumbá assim procedeu
expurgando e expulsando mendigos para fora da sua cidade, e uma vez constatada
essa veracidade, a Moção deve receber a unanimidade. E a precaução é boa,
porque poderia um determinado jornal do local, inimigo do Prefeito - apenas
para exemplificar - criar uma situação e, em conseqüência dessa situação, um
constrangimento a um determinado Prefeito de qualquer ponto do Brasil.
Uma
vez superada essa questão, a Moção é indiscutível sobre esse aspecto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para encaminhar.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Plenária está nervosa em relação à Moção de Repúdio.
Eu,
particularmente, entendo que essa Moção de Repúdio é altamente pertinente e
acho, Ver. Pedro Américo Leal, que a atitude desse Prefeito deveria ser
enquadrada como um crime hediondo, porque, praticamente, isso é uma ação de
extermínio. Onde está a questão da humanidade e que todos nós somos imagem e
semelhança de Deus, somos idênticos? Essa é uma das grandes vantagens da
concepção do ser humano. Nós somos parecidos e, ao mesmo tempo, únicos. Agora,
no momento em que o Prefeito toma uma atitude dessas, eu perguntaria: será que
aquelas pessoas, os mendigos, estão naquela condição subumana por livre
arbítrio? Posso responder-lhes que não. E nós sabemos que a cada dia que passa,
neste País, que não cria políticas públicas de geração de emprego, a tendência,
cada vez mais, é aumentar a marginalidade, porque o ser humano está perdendo
aquilo que lhe é mais precioso, que é a auto-estima. Se nós notarmos logo no
início, antes da Idade Média, o ser humano, as pessoas eram conhecidas pelos
nomes das suas famílias; na atual modernidade, as pessoas são conhecidas pelos
seus locais de trabalho, estão sempre vinculadas pelo local de trabalho, e eu
pergunto: como essas pessoas estarão vinculadas ao trabalho se não têm ofertas
de emprego? Então, numa situação muito cômoda, o Prefeito reúne e vai largando
ao longo da estrada, numa ação de extermínio. Volto a dizer, isso é um crime
hediondo.
Volto
a insistir: será que essas pessoas estão nessa situação de marginalidade por
opção própria? Tenho certeza de que não. E, uma das coisas que eu aprendi na
minha vida foi posicionar-me no lugar de outro para sentir e experimentar,.
Quando nós nascemos, alguns tiveram outras condições. Vamos sempre tentar
analisar a questão como sorte ou azar, essa não é a questão. Agora, todo o ser
humano merece respeito e dignidade, e este Prefeito não concedeu isso. Tenho
certeza de que a população não pode ser conivente com isso, esse tipo de
atitude tem que ser repudiada. Então, parabéns, Ver. Renato Guimarães, por essa
atitude, porque eu penso que, mais uma vez, esta Casa está colocando a sua
posição fraterna, defendendo o ser humano na sua integridade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Renato
Guimarães para uma Moção de Repúdio ao Prefeito de Corumbá - Mato Grosso do
Sul, pela expulsão dos moradores de rua da cidade. Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO,
com a abstenção do Ver. João Dib e voto contrário do Ver. Pedro Américo
Leal.
(Obs.:
Foram aprovados os demais Requerimentos, conforme consta da Ata.)
Passamos
ao
GRANDE EXPEDIENTE
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra. Em representação. O Ver. João Bosco está
com a palavra. Ausente. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este
período é destinado aos mais variados assuntos trazidos para esta Casa
Legislativa, normalmente assuntos políticos.
Hoje,
eu vou fugir a essa norma de assuntos políticos para falar de amor. Todos nós
sabemos que ontem faleceu em Porto Alegre a Sra. Ruth da Luz Pujol, mãe do Ver.
Reginaldo Pujol. Nascida em Quaraí há 82 anos, Ruth tinha a enfatizar em sua
vida o seu imenso amor, o seu amor de mãe, que dedicou ao seu único filho
Reginaldo. O Ver João Antonio Dib tem toda razão em homenagear as mães pelo seu
dia no mês de maio, e hoje estamos nós antecipando essa homenagem na pessoa de
Dona Ruth, ontem falecida. Gostaria também de enfatizar a elevada
espiritualidade de Dona Ruth, atuante por longos anos na Paróquia Santa
Terezinha. Internada na Clínica Santa Terezinha, durante dois anos, recebeu
assistência religiosa e espiritual e também o sacramento da eucaristia, através
do casal de ministros da eucaristia da Paróquia, José Carlos Dias Marques e sua
esposa Terezinha Marques. Por casualidade, senhoras e senhores, a cerimônia
litúrgica da encomendação foi, ontem, dirigida pelo próprio ministro da
eucaristia, José Carlos Marques Dias, que pôde assim testemunhar, de viva voz,
a imensa fé de que a Sra. Ruth era possuidora. A mãe do Ver. Reginaldo Pujol
trabalhou por muitos anos em uma clínica médica, tendo demonstrado sempre o seu
imenso amor e solidariedade em sua missão profissional. Ruth da Luz Pujol era
viúva há sete anos, quando seu esposo Ivo Pujol faleceu vítima de um lamentável
acidente. Seu filho Reginaldo Pujol, Vereador desta Casa e aqui presente, solicitado
por mim para que definisse em uma frase a sua mãe disse: “Minha mãe era uma
mulher valente e de fé.” Que Deus Nosso Senhor a receba na vida eterna e que,
de lá, ela interceda, junto a ele, para que todos nós possamos viver com muita
saúde, que tenhamos clarividência e os dons do Espírito Santo, para que
possamos cumprir muito bem a nossa missão de Vereadores de Porto Alegre, e que
um dia possamos também receber a recompensa que, certamente, Ruth, hoje, já
está merecendo, no céu. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Reginaldo Pujol, esta Casa já fez
sua homenagem, queremos dizer-lhe que os demais Vereadores e colegas do
dia-a-dia unem-se a V. Exa., neste momento de dor, e, com certeza, Deus está
olhando por sua querida mãe. Força!
O
Ver. João Dib está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu caro
Ver. Reginaldo Pujol, o nosso companheiro de Bancada, Ver. João Carlos Nedel,
falou em nosso nome, quando se referia a Dona Ruth, e eu ontem dizia a amigos
que se eu tivesse que fotografar a bondade, eu fotografaria a Dona Ruth, que
conheci ao longo de 30 anos, sempre atenciosa com os seus semelhantes, sempre
dando uma palavra de conforto para todos.
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho dito desta tribuna que a Moção é
muito mal-utilizada nesta Casa. Eu sempre disse, e vou continuar fazendo assim,
que não voto Moção de Repúdio contra pessoas; eu poderia até votar a Moção de
Repúdio contra o ato do Prefeito, mas, parece-me que a preocupação de alguns é,
talvez, por falta de assunto, pois nós fizemos oito discursos sobre a Moção de
Repúdio ao Prefeito. Agora, a Moção de Repúdio ao Prefeito, nós pintamos o fato
de que ele retirou os mendigos da sua terra e mandou para outro lugar.
Despejaram em sua cidade noventa mendigos, que criaram problemas nas suas ruas
e nas suas praças. Esse Prefeito, também diz a notícia, deu-lhes alimentos,
agasalhos, remédios e mandou-os de volta de onde eles vieram. Foi repudiado
pelo Ver. Renato Guimarães, homem em que eu depositei muitas esperanças, mas já
estou duvidando dele.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quem acompanha essa questão da população de rua sabe
que ela, muitas vezes, é uma população de trânsito, mas eu acredito que um
cidadão do mundo, em qualquer parte, deve ser respeitado. O que houve lá foi um
desrespeito total a esses seres humanos. Essa é a primeira questão.
A
segunda questão é que de um conjunto de trinta e cinco pessoas, quatro, pela
entrevista que foi feita, eram de outro Estado, de Belo Horizonte, de São
Paulo.... A grande maioria, 80%, na reportagem mostrada pelo Jornal Nacional,
era de famílias do próprio Estado do Mato Grosso do Sul. Então, com moradores
de rua de Porto Alegre, que são do interior, vamos fazer o que?
O SR. JOÃO DIB: Sou grato pelo aparte de V. Exa., mas
sou obrigado a cingir-me à notícia fornecida por V. Exa.. A notícia que aqui
está não tem essa referência. Mas eu estou preocupado com a quantidade de Moções
feitas nesta Casa. Moção, de repente, gera tensão, e tensão gera brigas.
Perdemos tempo, neste Plenário, como se Porto Alegre não tivesse problemas para
serem resolvidos, ou por acaso não temos que resolver os problemas da Av. Assis
Brasil, não temos que saber o que está sendo feito com o Orçamento da
Prefeitura, por acaso não temos problemas na Saúde como foi trazido aqui, hoje,
em relação à tomografia computadorizada. Será que é mais importante o problema
do Pronto Socorro ou o problema de alguém, que eu não sei se é exatamente o que
está sendo dito. Acho que temos que ficar em Porto Alegre, onde temos muitos
problemas, pequenos problemas, mas cujo somatório dá um enorme problema. Também
temos grandes problemas. Quem sabe nós usaríamos melhor o tempo se, ao invés de
fazer moções que não levarão a resultado nenhum, a não ser a promoção de alguns
que vêm dizer que são bonzinhos e que não querem que os mais fracos sejam
atingidos. Porém, quando na Perimetral foram retirados com retroescavadeira,
abrindo buracos na calçada para cortar a água e depois derrubando as casas, eu
não ouvi as vozes desses que fazem tantas moções em favor daqueles. Eu não tive
ninguém do Partido dos Trabalhadores que me acompanhasse para ir lá e impedir
que as pessoas fossem despejadas de dentro de suas casas pela máquina. E como
foram despejadas? Foram despejadas, porque houve uma reintegração de posse para
a Prefeitura, que é a dona da verdade.
Os
gaúchos e os porto-alegrenses não sabem o que ocorre quando alguém do Movimento
dos Sem-Terra invade uma fazenda? Reintegração de posse? Lógico, lícito,
correto, perfeito, justiça, mas o dono da fazenda não pode se reintegrar na
posse, porque os petistas vão lá e se deitam na frente dos brigadianos, abrem
buracos, etc., mas ali na Perimetral não foi ninguém do Partido dos
Trabalhadores. Eu falei com o Prefeito, falei duas vezes com o Secretário, com
o Diretor do DMAE, o único que esperou um pouco, mas depois deu seqüência, e os
demais mandavam derrubar as pessoas, sendo que uma delas saiu para o Pronto
Socorro. Todos eles tinham matrículas dos terrenos onde estavam assentados. Há
dúvidas até hoje, se são da Prefeitura ou se as pessoas, que lá estavam há 40
anos, eram os proprietários.
De
qualquer forma a Prefeitura fez a Vila Planetário, deu direito real de uso por
30 anos para quem estivesse na área no dia 31.01.1989. Por que não deu para os
moradores da Perimetral? Qual a diferença de tratamento entre os pobres de
Corumbá e os pobres de Porto Alegre?
Eu
acho, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que nós precisamos rever essa história
das moções, aqui. Nós precisamos trabalhar em prol da nossa Cidade e não por
moções dirigidas ao Presidente da República, ao Prefeito de Corumbá e ao
Governador Olívio Dutra, que ainda não assumiu o Governo do Estado. Ele só faz
reger a sinfonia, que eu já conheço, de 1989, que encontrou os cofres vazios e
não assumiu. Deixa o Sr. Secretário, Chefe da Casa Civil, a governar o Estado
como, aliás, fez o Deputado Flávio Koutzii, com aquele plus tarifário criado aqui na Cidade de Porto Alegre, no Governo
Olívio Dutra, que não foi assinado pelo Secretário dos Transportes, não foi
assinado pelo Prefeito; foi assinado pelo Secretário do Governo Municipal, Dr.
Flávio Koutzii. E, agora, o Dr. Flávio Koutzii, juntamente com o Secretário da
Fazenda e o Vice-Governador, está governando o Estado, porque o Governador
Olívio Dutra ainda não teve a oportunidade de assumir o Governo do Estado.
Saúde e Paz. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença do Deputado
Estadual Luís Augusto Lara, do PTB. O Deputado Luís Augusto Lara está com a
palavra.
O SR. LUÍS AUGUSTO LARA: Sr. Presidente, Vera. Sônia Santos, Srs.
Vereadores, é uma honra muito grande estar nesta Casa Legislativa. Eu, durante
dois mandatos tive o orgulho e a honra de ter sido o Vereador na cidade de
Bagé. Hoje, em visita a esta Casa, em visita aos meus companheiros de Partido,
o Partido Trabalhista Brasileiro, venho, aqui, colocar à disposição dos nobres
Edis o nosso gabinete, no 7º andar da Assembléia Legislativa, os humildes
trabalhos da nossa equipe e buscar aqui a troca de experiência, onde tenho
muito mais a aprender, do que a ensinar, com os nobres Vereadores, com os
amigos, colegas da minha Bancada, e desejar um profícuo trabalho aos Srs. e
Sras. Vereadoras, desejando que esta Casa, assim como a Assembléia Legislativa,
continuem tendo a hombridade, a sensatez que todos os gaúchos merecem, porque a
continuidade desse bom trabalho, sem dúvida, é o que vai fazer o Estado e a
Cidade de Porto Alegre, a mola mestra deste Estado, acharem o caminho do
desenvolvimento, que tanto merecemos, e merece esse povo.
Portanto,
mais uma vez, nos colocamos à disposição, tendo imensa satisfação e orgulho em
estar aqui, rodeado de tão nobres representantes do povo porto-alegrense.
Quero
agradecer à Vera. Sônia Santos, pela maravilhosa acolhida que estamos tendo
nesta Casa, desejando um promissor trabalho legislativo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a presença do Deputado Luís
Augusto Lara e a Casa, com certeza, está à sua disposição.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo
PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, me
afastando um pouco do motivo que me trás à tribuna, quero saudar a presença do
Dep. Luiz Augusto Lara, jovem Parlamentar do Rio Grande, integrante da Bancada
do Partido Trabalhista Brasileiro, que nos honra com sua visita, no dia de
hoje.
Nas
condições presentes, tenho alguma dificuldade em usar a tribuna, mas me sinto
compelido a fazê-lo.
Ainda
vivendo os momentos tristes da perda da ultima pessoa a quem me vinculava ao
mundo, integrante dos meus ancestrais, a minha mãe, sepultada no dia de ontem,
com a solidariedade da maioria da Casa, que em grande número esteve presente lá
onde se deu o sepultamento, e aqueles outros, que lá não foram, se fizeram
manifestar por telegramas, mensagens de toda ordem que muito me tocaram, e
acrescido ainda de uma manifestação, no dia de hoje, desta Casa, provocada pela
Vera. Maristela Maffei e depois do pronunciamento do Ver. João Carlos Nedel -
um homem de fé e grande amigo que esteve comigo até o derradeiro momento do dia
de hoje - venho, com alguma dificuldade, ocupar esta tribuna.
Quero
dizer a todos que em meu coração está marcado esse gesto de solidariedade. Às
vezes é preciso que a dor e que acontecimentos infaustos ocorram para que se
revigorem algumas coisas. E se na minha dor de filho único, de ter que sepultar
a mãe no dia de ontem, se alguma coisa de muito grande restou foi a
solidariedade dos meus amigos e dos meus companheiros de trabalho. A todos
vocês, muito obrigado.
Eu
hoje fui consultado se pretendia utilizar um período, que é concedido às
pessoas na minha situação, de ficar ausente da Casa por alguns dias. Eu disse
que não, e que estaria hoje aqui, que é a forma de homenagear minha mãe. Quando
eu era menino ela dizia que eu não podia gazear a escola, quando adolescente
disse-me que eu não poderia faltar nas minhas responsabilidades com o trabalho.
Certamente não ficaria feliz em saber que eu estava guardando comigo a dor da
sua ausência, afastado das responsabilidades que me foram conferidas por grande
parte do eleitorado de Porto Alegre, dos meus amigos que ela conheceu e estimulou,
certamente isso ela desaprovaria.
Quero
homenagear minha mãe, junto com V. Exas., agradecendo o conforto da
solidariedade que me foi oferecida ontem e no dia de hoje, e respondendo de
forma positiva. A falta da minha mãe, grande exemplo da minha vida, exemplo de
raça, de luta, de combatividade. Uma mulher que nasceu lá no interior da minha
Quaraí, que muito tarde foi conhecer as letras, - início do século isso não era
nada de anormal nesses confins do Rio Grande - mas que soube ser uma grande
mulher, companheira do meu pai a quem foi se juntar no dia de ontem, cumprindo
aquilo que acredito ser a sua última vontade. Jamais se conformou nesses sete
ou oito anos que medeiam entre a perda de seu companheiro de cinqüenta anos com
o dia que ela se despediu de nós, para ir, eu tenho fé, morar onde moram os
bons. Ela foi sempre uma mulher que teve bom coração, e o Ver. João Dib que a
conheceu e que a teve como eleitora por longo tempo, até que eu me iniciasse na
vida pública, sabe muito bem que no coração dela não existia lugar para o ódio
e era até exageradamente amorosa com o seu único filho, com os amigos do seu
filho e com as coisas que os cercavam
À
minha mãe quero prestar esta homenagem. Se eu tenho sido um razoável Vereador
nesta Cidade, procurando trabalhar com afinco pela comunidade vou procurar ser
bem melhor agora, trabalhando com muito mais ardor, com muito amor, com muito
mais afinco, pois só assim eu vou homenagear uma mãe que me criou ensinando que
não se deve faltar às aulas, não se deve faltar às responsabilidades, não se
deve faltar aos compromissos, porque isso nos faz respeitado. É isso que eu
quero, em homenagem a ela, dizer se até hoje na limitação das minhas
qualificações pessoais eu posso ter ensejado alguma falta por não ter tido a
exação inteira no cumprimento da responsabilidade pública, reafirmo hoje que
vou me esforçar muito mais para poder honrá-la muito mais da forma que ela
acreditava que se têm de agir, com fé, com coragem, com consciência e com amor.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Losada está com a palavra
em Grande Expediente por cedência de tempo do Ver. João Motta.
O SR. ANTONIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
utilizando o tempo do Ver. João Motta, primeiramente registro o meu profundo
sentimento pelo passamento da dona Ruth, mãe do Ver. Reginaldo Pujol. Vereador
este que durante estes anos de convívio nessa Câmara tem demostrado ser uma
pessoa íntegra, um bom amigo, um bom companheiro, portanto, nossos profundos
sentimentos a dona Ruth pelo seu passamento. Saudamos a presença do Deputado
Lara, um conterrâneo de Bagé, da rainha da fronteira, um jovem que certamente
terá uma carreira política cheia de vitória, cheia de glória.
Vamo-nos
deter rapidamente na Moção do Ver. Renato Guimarães. Uma Moção sempre provoca
debate nesta Casa, provoca polêmica, a Moção do Ver. Renato Guimarães foi
aprovada, uma Moção de Repúdio ao Prefeito de Corumbá, pela violência, pela
utilização de funcionários, de veículos públicos, para cometer um atentado aos
Direitos Humanos. É lamentável que um Prefeito de uma cidade importante como
Corumbá, uma pessoa vinculada a uma comunidade, uma pessoa eleita pela
população cometa uma arbitrariedade, uma violência, uma covardia do nível que
esse cidadão cometeu com aquelas pessoas que não tiveram sucesso na vida, com
aquelas pessoas que são verdadeiramente a camada mais sofredora do País, aquela
que, muitas vezes, não teve acesso à Escola, não teve acesso ao trabalho,
certamente não tem uma moradia, certamente não tem bons amigos, não tem vida
social, certamente passa fome, dificuldades.
Esse
tipo de violência não cabe mais neste século. Estamos entrando no terceiro
milênio e me sinto envergonhado ao presenciar um brasileiro cometer violências
desse porte. Felizmente esta Casa aprovou a Moção de Repúdio a esse cidadão.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A próxima Vereadora inscrita é a Vera.
Sônia Sarai que cede seu tempo a Vera. Helena Bonumá. A Vera. Helena Bonumá
está com a palavra.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Agradeço o tempo que me foi cedido pela
Vera. Sônia Sarai.
A
Moção apresentada pelo Ver. Renato Guimarães está num momento bem pertinente.
Nós somos contrários às colocações que o Ver. João Dib fez aqui, nós entendemos
que cabem, sim, as moções.
A
nossa Casa é política e nós temos a responsabilidade pública de fazer o debate
das questões que, muitas vezes, não são do âmbito estrito do nosso Município,
mas que influenciam a vida pública do nosso Município. Porto Alegre tem uma história,
esta Casa tem uma história e o Ver. Reginaldo Pujol, na quarta-feira de cinzas,
resgatava de que talvez nós fôssemos uma das poucas Câmaras que estivesse
reunida na quarta-feira de cinzas. Nós temos uma história de funcionamento, uma
história de tratamento da coisa pública, uma relação com a comunidade e com
própria organização e funcionamento da Casa que podemos dizer que, do ponto de
vista do Parlamento, do que a gente conhece no restante do País, esta Casa é
exemplar. Portanto, cabe a esta Casa, mais que a outras Casas Legislativas, a
responsabilidade de, a partir do nosso acúmulo, do que nós temos aqui, enquanto
Parlamento Municipal, de debatermos e enfrentarmos alguns temas. Esta Moção
proposta pelo Ver. Renato Guimarães diz respeito ao procedimento de uma figura
pública eleita com voto popular para dirigir a vida da sua cidade durante um
período. É inadmissível esse tipo de comportamento, é a varredura da pobreza de
uma forma completamente anti-humana.
Então,
estamos condenando uma ação pública, feita por um Prefeito que deveria zelar
pelo seu município e pelo povo de seu município.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Vera. Helena Bonumá, eu não disse que não se deveria fazer
moções, eu disse que seriam muito mais estudas. Acho que Porto Alegre tem muito
mais problemas a serem debatidos do que os problemas lá de Curumbá.
Eu
quero dizer a V. Exa. que se V. Exa. estivesse aqui no Plenário quando eu
reclamei da violência na Perimetral, V. Exa. teria me acompanhado, eu tenho
certeza. Mas não encontrei na Bancada de V. Exa. ninguém que me acompanhasse, e
aí o problema estava nas nossas barbas. O Prefeito daqui não estava querendo
atender.
Acho
que nós podemos pensar em discutir a limpeza do Arroio Dilúvio.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Vereador, eu estava no Plenário quando
V. Exa. levantou, por duas vezes, a questão da limpeza da Perimetral e também
ouvi a resposta que o Ver. Renato Guimarães lhe deu e da qual compartilho. O
Processo da Perimetral é um Processo amplamente discutido e com largos prazos
para discussão e de relação com a população que está ali. Essa situação é
incomparável, Vereador. Não podemos, de forma alguma, camuflar isso. Estranho
muito que V. Exa. assuma essa atitude, fazendo esta comparação, pois são coisas
de natureza totalmente diferente: um prefeito que tem a atitude totalmente
anti-humana, como o prefeito de uma cidade como a cidade de Corumbá, varrendo a
população, usando equipamentos públicos, funcionários públicos numa atitude tão
condenável, que o Ver. Antonio Hohlfeldt disse que vai pedir a expulsão dele do
seu partido. E faz muito bem porque essa figura não deve ter função pública,
alguém que resolve as questões dessa forma. Este é um ato completamente
incomparável! Nós temos, em Porto Alegre, há 10 anos, a tradição de discutir as
nossas ações. Nós inauguramos aqui uma forma de governar que é reconhecida no
mundo inteiro, que é o Orçamento Participativo. Nós temos um Governo que tem
transparência nas ações com a comunidade e que se preocupa com a questão dos
direitos humanos. O terceiro governo da Frente Popular, o Governo do Prefeito
Raul Pont, criou a Coordenação dos Direitos Humanos dentro do Gabinete do
Prefeito, na qual eu trabalhei durante esses dois anos. Eu posso dizer que o
tratamento que damos às questões dos direitos humanos é totalmente
diferenciado, nós procuramos trabalhar em várias áreas do direitos humanos e
certamente a questão da pobreza aqui nesta Cidade é trabalhada de uma forma
diferenciada.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereadora, eu não quero ser insistente, no dia em que a Prefeitura
determinou a reintegração de posse com demolição por máquinas com as pessoas
dentro, eu tenho certeza e convicção que V. Exa. não estava neste Plenário,
porque teria me acompanhado e não encontrei ninguém, da Bancada de V. Exa. que
me acompanhasse. Hoje eu falei duas vezes, mas quero dizer que o Prefeito que
tira, com máquinas, pessoas de dentro de casa, e que tinham matrícula dos
terrenos, não é o que o Ver. Renato Guimarães diz que é tão simples, eles
tinham matrícula de propriedade dos terrenos e foram retirados.
O Sr. Renato Guimarães: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Sr. Presidente, é interessante que se esclareça, aqui, que a reintegração
de posse é um ato, Vera. Helena Bonumá, que acompanhou também pela Prefeitura,
expedido pela Justiça. A reintegração de posse foi dada pela Justiça, ouvindo
os argumentos das partes. O Prefeito da Cidade estava em defesa do bem público
da Cidade, do espaço público da Cidade. Aquele espaço é um espaço público da
Cidade e é interessante que se esclareça isso. Em segundo lugar, o Ver. João
Dib solicitou à Casa que constituísse uma Comissão Externa e essa comissão não
foi constituída, por isso que Vereador nenhum da bancada do PT acompanhou,
naquele momento e sabemos disso. Se tivesse ficado constituída uma comissão, se
a Casa tivesse deliberado para uma comissão, nós teríamos ido lá.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Com certeza, e são situações totalmente
incomparáveis, Vereador. Eu acho que nós não podemos ficar tergiversando em
relação a algumas matérias. A defesa intransigente em defesa dos Direitos
Humanos tem que ser feita principalmente quando quem transgride os Direitos
Humanos; é uma figura que está investida de um cargo público da importância de
um cargo de Prefeito de uma cidade do porte de Corumbá. Nós não podemos deixar
que isso, de forma nenhuma, passe para a opinião pública, para a sociedade
brasileira, como uma prática possível de ser admitida numa figura pública e
numa gestão pública municipal ou em qualquer nível. Eu queria ainda responder
ao Ver. Antonio Hohlfeldt - que não está mais no Plenário -, com relação ao que
ele levantou, fazendo o questionamento do Ver. Renato Guimarães quando vinculava
a questão da violação dos Direitos Humanos com o Governo Fernando Henrique
Cardoso. Eu acho que talvez não tenha sido bem o sentido que o Vereador
colocou, mas eu acho que nós podemos, sim, fazer a vinculação da violação dos
Direitos Humanos com este Governo que esta aí. É bem certo que a USP tem núcleo
de violência, é bem certo que o núcleo de violência da USP foi chamado para
elaborar o programa de Direitos Humanos que o Fernando Henrique Cardoso
apresentou à sociedade e, digo apresentou porque é uma coisa que não está sendo
executada. É um programa de papel, é um programa para ser propagandeado, é
certo que existe uma Secretaria Nacional de Direitos Humanos e que lá trabalham
pessoas. que têm a intenção de lutar pelos direitos humanos e desenvolver políticas,
pessoas realmente engajadas nesta proposta. Agora, o Governo, com as suas
principais políticas, com o modelo de projeto que adotou, viola os direitos
humanos, na medida em que corta as políticas sociais e remete o povo brasileiro
a uma situação de barbárie e de miséria quase que absolutas. Esta é a maior
violação dos direitos humanos, a violação do Estado, daqueles princípios
fundamentais da Declaração de 1948, que a ONU promulgou e da qual o Brasil é
signatário. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. José
Valdir, que tem a palavra pelo tempo regimental de oito minutos em Grande
Expediente.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O
crescimento da exclusão social da população de rua em todo mundo,
principalmente no mundo capitalista, para mim em primeiro lugar é o subproduto
deste tipo de desenvolvimento capitalista que temos em nível mundial. Quando
estivemos, ano passado, eu e o Ver. Juarez Pinheiro, em São Francisco, fiquei surpreso
ao ver que São Francisco tem mais população de rua do que Porto Alegre,
inclusive com o mesmo tipo cultural: pessoas no meio da rua, e ao nascer do sol
levantam-se todos, é aquele verdadeiro dormitório ao ar livre e, à noite, como
fantasmas, dirigem-se aos seus colchões. Há pessoas nas ruas fazendo
apresentações artísticas, como as que vemos aqui cantando modinhas sertanejas;
lá as pessoas cantam e tocam violão para ganhar uns trocados no meio da rua.
Esse é o subproduto do tipo de desenvolvimento que temos. Agora, no Brasil isto
tem uma relação também com a conjuntura que vivemos.
Vou
continuar na mesma linha que os colegas de Bancada já desenvolveram. E gostaria
que o Ver. Antonio Hohlfeldt ouvisse isto, porque ele seguidamente vem trazer
recortes que lhe interessam, e tem que ver o outro lado: “Área social: medida
tira 6,5 milhões de programas para cobrir despesas”. “Governo corta verba para
crianças e adolescentes”. Está na “Folha de São Paulo”, na “Zero Hora”, em
todos os jornais. Aí, me dei ao trabalho de pesquisar como é o governo Fernando
Henrique na área social. E aqui estão alguns dados que eu quero deixar nesta
tribuna: na área da educação, por exemplo, o governo vem cortando em torno de
70% do valor das verbas aplicadas em 98. O programa de informática, que deveria
equipar com mais 100 mil computadores as escolas públicas até o ano 2000,
perdeu 90% dos recursos. Houve também um corte de 67% no Projeto Gestão
Eficiente, que deveria melhorar a escola pública com a compra de equipamentos e
material. O Governo Fernando Henrique prometeu também elevar os gastos do
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, de 28 milhões para 60 milhões de
Reais. Mas o orçamento do programa está ficando em torno de 30 milhões. O
Programa de Garantia de Renda Mínima para Crianças, que seria implementado este
ano, já sofreu um corte de 83%. O programa que tinha como meta o pagamento das
bolsas escolares para 300 municípios - e isso é interessante, porque vêm alguns
Vereadores cobrar aqui que nós temos que dar bolsa para a universidade -,
deverá atender apenas 30 municípios. O programa Toda Criança na Escola, que
prometia colocar 98% das crianças na escola até o ano 2002, ficou comprometido,
uma vez que o governo cortou 83% das verbas do transporte escolar, atingindo principalmente
as crianças da zona rural. E diminuiu de 85 milhões de Reais, investidos em 98,
para 30 milhões de Reais em 99 o Projeto de Assistência Integral à Criança e ao
Adolescente, que financiava as atividades do esporte e o reforço escolar como complemento
do estudo.
Vejam
como essas coisas têm tudo a ver com a situação de Porto Alegre! Alguns
Vereadores demagogicamente vêm aqui apresentar projetos em que o Município tem
que dar bolsa para a universidade, que o Município tem que dar bolsa para os gênios
do esporte. Não adianta nós ficarmos aqui, no varejo. O Ver. João Dib tem toda
a razão: fazer profusão de projetos, histórias em quadrinhos feitas em
quantidade para agradar Vereador, jogando para cima do Município, quando lá por
cima, no atacado, esse programa é gravado por essa pressão do FMI! Eles cortam
tudo, e os municípios estão cada vez mais com ônus, inclusive, oriundos das
conquistas de municipalização da última Constituição, e sem os recursos, pois
cada vez mais os recursos estão sendo cortados e o Governo Federal está cada
vez mais intransigente para fazer a negociação das dívidas com os Estados.
Esse
Governo Fernando Henrique, que tinha como slogan Avança Brasil, na realidade
está conseguindo fazer o oposto: recua Brasil! É isto que está acontecendo.
Estes
são dados que a competente assessoria do meu gabinete pesquisou em vários
locais, em vários jornais para mostrar, principalmente na área da educação, o
que está sendo feito. Nós poderíamos pegar a área da Assistência Social, como
vimos as manchetes dos jornais, o corte que está sendo feito nos programas
sociais, justamente no momento de crise, de desemprego, é que esses programas
sociais teriam que ter mais recursos, exatamente para compensar, talvez, a
situação econômica dramática que vive o País.
Quero
entrar no debate, que o meu amigo, querido Ver. João Dib, colocou nesta
tribuna. O Ver. João Dib vem à tribuna e, várias vezes, faz referência a esse
episódio que já foi esclarecido aqui de retirar com ordem judicial, inclusive,
faz referência à Vila Planetário. Mas é claro Vereador, são métodos
completamente diferentes, se recuarmos um pouco na história desta Cidade,
quando o Partido de V. Exa. era poder, as coisas não eram feitas, realmente,
como foi feito na Vila Planetário. E vou dar como exemplo: eu me surpreendi
quando fui trabalhar na Santa Rosa, comecei um dia a fazer uma pesquisa com os
meus alunos - de onde é que tu veio, vim daqui, vim dali, a maioria tinha vindo
da Vila Teodóro, da Ilhota e outros dizendo que foram tirados a pau, foram
removidos a pau lá para a Zona Norte, nesses governos anteriores. E não tinha
discussão, porque essas áreas eram destinadas para atividades mais nobres.
A
antiga Vila Célio, onde eu moro, foi feito pela metade, tanto que está
irregular até hoje.
Vereador,
eu quero fazer esse debate, até fraternalmente, porque gosto muito de V. Exa. e
sei que é recíproco, tenho a maior estima e respeito por V. Exa. Quero fazer
esse debate sobre duas visões de governar esta Cidade: a visão que V. Exa.
representou no passado e a visão da Frente Popular que está no poder. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente
Sessão pela inexistência de quórum.
(Encerra-se
a Sessão às 17h58min.)
* * * * *